Conheça o dragão azul, uma espécie curiosa de lesma marinha caçadora

Mateus Marchetto
Imagem: Getty Images

Quando falamos de lesmas, a primeira imagem que pode vir à cabeça são os animais levemente nojentos que podem infestar casas e jardins. Contudo, existe uma infinidade dos mais diversos tipos de lesma, incluindo lesmas marinhas deslumbrantes, como o dragão azul.

Na realidade, esse nudibrânquio não chega nem perto do tamanho que imaginamos um dragão, mal passando dos três centímetros de comprimento. Contudo, seu corpo ramificado dá a ideia de que o animal tem asas. Além do mais, sua coloração viva em tons de azul dá a segunda parte do nome popular do bicho, da espécie Glaucus atlanticus.

Essa lesma marinha vive ao longo dos oceanos Pacífico, Atlântico e Índico, sendo contudo mais comum entre a Nova Zelândia e Austrália. Mais uma vez, ao contrário do que o nome sugere, os dragões azuis na verdade mal se mexem na água, ficando à deriva na superfície do mar, em busca de presas.

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Estrutura corporal da lesma azul. Imagem: Kiloueka / Pixabay

Estes animais têm a parte superior do corpo da coloração azul vibrante e branca, enquanto a parte inferior do corpo é mais escura e acinzentada. Isso, aliás, é uma das estratégias do dragão azul para evitar predadores. Acontece que, visto de cima, o animal se camufla com a superfície da água, e vista de baixo, a lesma se disfarça com o céu, evitando aves e predadores aquáticos.

Além do mais os dragões azuis são piratas, roubando uma especiaria essencial de outros animais. Acontece que os dragões azuis caçam principalmente caravelas-portuguesas, um tipo de cnidário que frequentemente causa acidentes com banhistas por seus tentáculos venenosos.

Assim, estas lesmas azuis comem as caravelas-portuguesas e ainda roubam seus cnidoblastos, as células que produzem o veneno nos cnidários.

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Imagem: S.Rohrlach / Getty Images

Fatos curiosos sobre o dragão azul

Curiosamente, o veneno de um dragão azul acaba sendo muito mais potente do que o de uma caravela. Isso porque as lesmas concentram muito mais cnidoblastos em seu corpo do que um tentáculo de uma caravela-portuguesa. Assim, ainda que o veneno não cause letalidades, um acidente pode ser bastante doloroso.

Os dragões azuis podem, ademais, acabar encalhados na praia, como suas presas também, as caravelas. Ambos animais nessa situação podem também causar acidentes, uma vez que os cnidoblastos continuam ativos por um bom tempo mesmo depois que o animal morre. Portanto, ao ver uma lesma azul esticada na areia, a melhor decisão é não encostar no bicho.

Frequentemente, ainda, os dragões azuis podem formar grupos, semelhantes a pequenas colônias. Esses grupos, também chamados de ‘frotas azuis’ podem se ajudar na caça de caravelas e na proteção contra predadores. No entanto, quando estão juntos os dragões ficam mais susceptíveis à ação do vento, e ao encalhamento em praias também.

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Os nudibrânquios são lesmas marinhas geralmente coloridas e venenosas. Imagem: Pxhere

Pesquisas recentes também indicam que a abrangência do dragão azul no oceano está mudando, atingindo regiões mais ao norte do planeta. Estimativas indicam que isto pode estar acontecendo também devido à mudança de distribuição das caravelas.

Para finalizar, o animal é hermafrodita. Seus corpos, aliás, tem uma anatomia específica para evitar o auto-envenenamento durante a reprodução e os bichos podem botar até 20 ovos de cada vez, em debris flutuando no oceano, bem como no corpo de suas presas.

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