Por que milhões de águas-vivas estão morrendo em praias?

Mateus Marchetto
Milhões de águas-vivas estão aparecendo mortas em praias ao redor do mundo. Entenda. (Imagem de Manja Wiepcke por Pixabay)

O dia 5 de novembro de 2006 amanheceu bastante diferente nas praias de Wellington, na Ilha Norte da Nova Zelândia. Ao longo de 6 quilômetros de praias, a aparência da areia era fúnebre. Nela se encontravam pelo menos 100 milhões de águas-vivas mortas, trazidas pelo vento e pelas ondas. À época, assim, pesquisadores sugeriram que o evento poderia estar relacionado com um aquecimento das águas e mudança abrupta dos ventos. Acontece que esse fenômeno pode estar acontecendo novamente, por motivos parecidos.

O programa Coastal Observation and Seabird Survey Team, como o nome indica, monitora a fauna marinha desde a costa da Califórnia até o ciclo ártico. Um estudo promovido pela instituição mostra mais de 500 ocorrências de águas-vivas mortas aos milhares em praias ao redor do mundo. Os picos de mortes dos animais foram nos meses da primavera entre os anos de 2015 e 2019.

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(Imagem de Gitti Lohr por Pixabay)

Apesar da estranheza do fenômeno, conquanto, os pesquisadores acreditam que um evento no Oceano Pacífico pode ser a chave para entender tanta mortalidade. As águas-vivas Velella velella, conhecidas também como veleiros ou caravelas, habitam praticamente todos as regiões marinhas tropicais do planeta. Portanto, esses animais sofrem diretamente com as variações de temperatura do mar.

Aquecimento e resfriamento do hábitat de águas-vivas

Um evento que recebeu o nome de “The blob” (A bolha) promove, assim, o aquecimento brusco das águas superficiais da costa de regiões do Pacífico. Ao contrário do que parece, esse aquecimento pode ser muito benéfico para as águas vivas. Acontece que com esse aquecimento há uma maior reprodução de alguns peixes, como anchovas.

Esses animais são, veja só, presas de águas-vivas. Isso faz, portanto, com que as caravelas tenham muito mais alimento do que o normal e se reproduzam loucamente. Com um número tão grande desses invertebrados nas águas, os ventos acabam carregando muito mais desses bichos, também, para as praias.

As águas-vivas e anchovas são alguns dos poucos animais que se beneficiam do aquecimento global. É bastante provável que o evento ‘The blob’ tenha causas naturais, assim como o El niño e La ninã, mas acabam intensificados pela mudança climática ao redor do mundo.

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(Imagem de stux por Pixabay)

Ademais, outros eventos passados de mudança climática, como extinções em massa, mostram essa mesma característica. Algumas poucas espécies adaptadas conseguem prosperar em condições adversas e essas darão origem às próximas linhagens evolutivas.

Isso não quer dizer, contudo, que a mudança climática não seja um problema. Dezenas de estudos mostram que o clima está mudando muito rápido em comparação a outros eventos do tipo. Por conseguinte, uma nova extinção em massa pode já ter começado na Revolução Industrial, e se desenrola rapidamente ainda hoje.

Com informações de LiveScience.

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