Baleias de barbatanas precisam capturar grandes quantidades de alimento, como krill e pequenos peixes, dentro da água. Contudo, a cada bocada, uma baleia pode prender dentro da boca um volume de água equivalente ao tamanho do próprio corpo do animal. Agora cientistas podem ter descoberto como as baleias não se engasgam com tanta água.
Jubartes, baleias-fin e baleias-azuis, por exemplo, possuem placas de queratina, parecidas com barbatanas, dentro de suas bocas. Daí vem o nome comum do grupo dos Misticetos: baleias de barbatanas. Acontece que, para se alimentarem, essas baleias nadam em altas velocidades com a boca aberta a 90° em direção a cardumes de suas presas.
A quantidade imensa de água na boca dos animais, então, cria uma pressão sobre a faringe da baleia, o órgão que divide o sistema respiratório e digestório. Por muito tempo, por conseguinte, pesquisadores se perguntaram como as baleias não se engasgam com essa estratégia alimentar.
Agora, todavia, uma equipe de pesquisadores do Canadá pode ter descoberto a chave, ou melhor, a porta, para evitar engasgos. Estudando baleias-fin mortas, o grupo liderado por Kelsey Gil, percebeu que a boca destes cetáceos tinha um fundo estranho, reforçado com músculos e gordura.
Como mostra o artigo, publicado no periódico Current Biology, os cientistas retiraram a massa de músculos do fundo da boca da baleia e – com o auxílio de uma empilhadeira – a levaram para o laboratório.
Análises anatômicas e fisiológicas mostraram que o chamado plug-oral funciona como um alçapão entre a boca e a faringe. Quando a boca está cheia de milhares de litros de água, o ‘alçapão’ se fecha e evita que a água entre nos pulmões e no estômago do animal. Uma vez que a água drena, no entanto, o plug se abre e permite que a baleia engula suas presas.
Como a alimentação fez das baleias os maiores animais do mundo
Como Gil afirma em entrevista ao The New York Times: “[Esta descoberta] preenche um espaço que nós nem sabíamos que realmente existia”. Ou seja, a descoberta dessa nova estrutura ajuda a entender um pouco melhor como as baleias adquiriram tamanhos tão incríveis e, eventualmente, se tornaram os maiores animais do planeta.
Ao longo de milhões de anos, os ancestrais das baleias, ainda terrestres, passaram por uma transição para o ambiente aquático. A alimentação desse grupo passou a ser composta cada vez mais de peixes e as primeiras baleias provavelmente caçavam animais maiores, em menor quantidade – assim como as orcas e cachalotes, por exemplo.
Entretanto, o grupo das baleias de barbatanas passou a ingerir presas abundantes, ricas em nutrientes e em quantidades absurdamente grandes com o passar do tempo. Algumas espécies de krill, por exemplo, não passam de alguns centímetros de comprimento. Não obstante, uma baleia adulta pode consumir entre 5 e 30% de sua massa corporal em krill a cada dia.
Essa estratégia alimentar, além do próprio ambiente aquático, favoreceu o crescimento tão expressivo destes animais.