Cinzas vulcânicas ajudam cientistas a datar fósseis humanos primitivos

Wellington Reis

Um estudo feito no sudoeste da Etiópia com cinzas vulcânicas fez com que a idade de Kibish Omo I, nome do fóssil humano moderno mais antigo conhecido, tivesse sua idade retrocedida em pelo menos 233.000 anos, ou 36.000 anos mais velho do que se pensava anteriormente.

Humanos mais primitivos do que se pensava

“Esta é a melhor estimativa que temos no momento, e é congruente com os modelos mais recentes da evolução humana, que colocam o surgimento de nossa espécie – Homo sapiens– entre 350.000 e 200.000 anos atrás”, disse a vulcanóloga Céline Vidal, da Universidade de Cambridge. 

Ele foi descoberto em 1967 na Formação Omo Kibish, que está localizada a mais de 6400 km do Grande Vale do Rift da África Oriental. 

Vidal acrescenta que  “o fóssil de Omo I é o Homo sapiens mais antigo que conhecemos até agora”, e até agora “pensava-se que tivesse menos de 200.000 anos, mas havia muita incerteza sobre essa idade”.

Juntamente com seus colegas, Vidal analisou rochas de erupções vulcânicas do Vale do Rift e as comparou com as assinaturas químicas da composição de camadas de cinzas vulcânicas em sítios arqueológicos.

Desse modo, eles conectaram a camada de seis pés de cinzas que cobria o fóssil Omo I à erupção de um vulcão a cerca de 400 quilômetros de distância. “Identificamos a fonte das cinzas como uma erupção colossal do vulcão Shala, que ocorreu há cerca de 233.000 anos”, disse ela. “Isso significa que Omo I tem mais de 230.000 anos.”

Fósseis raros e cinzas vulcânicas

skull gb8110d823 1280
Imagem: shauking/Pixabay

Encontrar fósseis de Homo sapiens é algo extremamente raro. Em vista disso, apenas oito locais na África produziram fósseis de humanos anatomicamente modernos. Sendo que, o mais antigo entre eles é Kibish Omo I, o qual foi redatado por uma equipe de especialistas liderada por Clive Oppenheimer do Departamento de Geografia da Universidade de Cambridge.

Esse estudo teve como principais pesquisadores pessoas envolvidas na Geografia, e não antropologia, pois o esforço para re-datar este fóssil exigiu cientistas da Terra, especialmente especialistas em vulcanologia para estudar as cinzas vulcânicas.

Vidal afirma que as técnicas radiométricas tradicionais são bastante limitadas quando o assunto é datação das cinzas. Contudo, ao estudar a composição química de mostra de pedra-pomes de depósitos vulcânicos, a equipe conseguiu datar todas as principais erupções vulcânicas que ocorreram na África durante o final do Médio Pleistoceno, época em que nossa espécie apareceu pela primeira vez.

O Omo I foi encontrado em sedimentos sob uma camada de 6 pés de cinza vulcânica que não pode ser datada diretamente, pois a cinza é muito fina. Acima do fóssil Omo I, essa camada de cinzas “é a chave para restringir a idade mínima do fóssil”, disse Vidal.

Compartilhar