Pela primeira vez, cientistas extraíram com sucesso o material genético de insetos em velhas amostras de uma resina fóssil amarela.
O DNA – em particular, de animais extintos – é uma ferramenta importante na identificação de espécies.
No futuro, os cientistas e pesquisadores planejam usar seus novos métodos em inclusões de resinas mais antigas também.
A tentativa bem-sucedida foi realizada pela cientista Dra. Monica Solórzano-Kraemer, do Instituto de Pesquisa Senckerberg e Museu de História Natural, junto aos autores principais David Peris e Kathrin Janssen da Universidade de Bonn e outros colegas da Espanha e Noruega.
Resina fóssil amarela âmbar
O estudo atual pretende determinar por quanto tempo o DNA de insetos contidos em materiais resinosos pode ser preservado.
Para isso, o autor principal Dr. David Peris e seus colegas examinaram o material genético dos besouros da ambrosia que ficaram presos na resina das árvores âmbar (Hymenaea) em Madagascar.
Até o momento, testes semelhantes de inclusões em âmbar de vários milhões de anos falharam, uma vez que os impactos ambientais mais recentes causaram mudanças significativas no DNA dos insetos embutidos. Ou mesmo o destruíram.
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Portanto, essas amostras embebidas em resina foram consideradas inadequadas para exames genéticos.
Mas, pela primeira vez, Solórzano-Kraemer acrescenta agora ser possível mostrar que o DNA ainda estava preservado em amostras, mesmo que seja muito frágil.
Portanto, esse estudo levanta a possiblidade de examinar a genômica dos organismos incorporados em resina.
Estabilidade do material genético
Ainda não está claro por quanto tempo o DNA pode sobreviver dentro da resina.
Por causa disso, os pesquisadores aplicam o método de forma gradual, desde as amostras mais recentes até as mais antigas.
Assim, determinam a “vida útil” do DNA incorporado na resina.
Outro detalhe importante: os experimentos mostram que a água nas inclusões é preservada por muito mais tempo do que se imaginava.
Isso é um problema, porque pode afetar a estabilidade do material genético.
Ou seja, a extração de DNA funcional do âmbar de vários milhões de anos é bastante improvável, conforme fala Solórzano-Kraemer.
Estudos anteriores
Há um debate científico em andamento sobre quanto tempo o DNA pode durar em várias formas.
Ainda mais, estudos polêmicos afirmam ter detectado DNA em fósseis de dinossauros de 75 milhões de anos.
Mas, a realidade é que, com muita frequência, essas amostras acabam sendo contaminadas por outras mais recentes.
O âmbar pode parecer um método de preservação mais viável, pois é capaz de preservar tecidos moles como penas, pele e até células sanguíneas.
Na década de 1990, alguns relatos foram feitos de DNA recuperado de inseto antigo por causa do âmbar e datando de dezenas de milhões de anos.
Mas essas descobertas empolgantes não puderam ser reproduzidas em estudos posteriores, levando a comunidade científica em geral a desacreditar as descobertas originais.
A pesquisa foi publicada na revista PLOS ONE.