Cosmos
Cientistas descobrem que impactos de asteroides em Marte são maiores do que o esperado

O planeta vermelho do sistema solar é um verdadeiro saco de pancada cósmico. Marte foi muito mais atingido por asteroides do que se imaginava, conforme revela um novo estudo.
Pesquisadores da Brown University utilizaram dados da espaçonave InSight, da NASA. Lançada em 2018, a sonda coletou dados do interior de marte por 4 anos, quando o lander finalizou sua missão. Entretanto, seu legado ainda não acabou, já que os dados permanecem armazenados para estudos e análises.
O novo estudo foi publicado pelos pesquisadores no periódico Science Advances.
Saco de pancada – Marte foi muito mais atingido por asteroides do que se imaginava
Um verdadeiro saco de pancada, Marte foi muito mais atingido por asteroides do que se imaginava. Conforme os cientistas, asteroides e outros objetos espaciais (que logo se tornaram meteoritos) impactaram marte 10 vezes mais do que estimava-se anteriormente – isso se baseando apenas em dados que não foram apagados pela atividade geológica marciana.
“É possível que Marte seja mais geologicamente ativo do que pensávamos, o que tem implicações para a idade e a evolução da superfície do planeta”, disse em um comunicado a pesquisadora Ingrid Daubar, professora associada de ciências da Terra, ambientais e planetárias da Brown University. “Nossos resultados são baseados em um pequeno número de exemplos disponíveis para nós, mas a estimativa da taxa de impacto atual sugere que o planeta está sendo atingido com muito mais frequência do que podemos ver usando apenas imagens.”
Um dos equipamentos que integraram a missão, foi um sismógrafo. Por meio dele, os pesquisadores identificaram oito novos impactos. Isso mostrou que os impactos ocorrem em uma frequência maior do que se imaginava. Nenhum dos meteoroides responsáveis pelos oito impactos haviam sido vistos na órbita de Marte.
“Isso vai exigir que repensemos alguns dos modelos que a comunidade científica usa para estimar a idade das superfícies planetárias em todo o sistema solar”, disse Daubar.
Um dos casos mais impressionantes foi o de dois impactos que ocorreram com apenas 97 dias de intervalo, onde ambos deixaram uma cratera do tamanho de um campo de futebol.
“Esse tamanho de impacto, esperaríamos que acontecesse talvez uma vez a cada duas décadas, talvez até uma vez na vida, mas aqui temos dois deles com pouco mais de 90 dias de diferença”, disse Daubar. “Pode ser apenas uma coincidência maluca, mas há uma probabilidade muito, muito pequena de que seja apenas coincidência. O mais provável é que ou os dois grandes impactos estejam relacionados, ou a taxa de impacto seja muito maior para Marte do que pensávamos.”
Assim, os pesquisadores estão um pouco preocupados.
“Os impactos planetários estão acontecendo em todo o sistema solar o tempo todo”, disse Daubar no comunicado. “Estamos interessados em estudar isso em Marte porque podemos comparar e contrastar o que está acontecendo em Marte com o que está acontecendo na Terra. Isso é importante para entender nosso sistema solar, o que há nele e como é a população de corpos impactantes em nosso sistema solar – tanto como perigos para a Terra quanto historicamente para outros planetas.”
Em um futuro muito próximo, a primeira missão tripulada humana viajará para Marte. Em breve, a humanidade pretende estabelecer uma colônia no planeta vermelho. Entender a frequência de grandes impactos no planeta vermelho e as razões deles é importante tanto para conhecemos sobre o passado de Marte e até mesmo da Terra, quando saber a segurança de se habitar o local.
Oito dos impactos analisados por meio dos dados sísmicos foram, mais tarde, confirmados via análise visual. Entretanto, há outros tipos de sinais que podem ser impactos, e mais tarde apresentados pelos pesquisadores.
“É possível que mais eventos que a InSight captou durante sua missão tenham sido realmente impactos”, explica Daubar. “Os próximos passos são fazer pesquisas orbitais mais detalhadas para tentar confirmar isso usando técnicas de aprendizado de máquina. Se pudermos confirmar ainda mais impactos, poderemos encontrar outros sinais sísmicos que também foram causados por impactos.”
Cosmos
Uma amostra do asteroide Ryugu está repleta de vida — mas não são alienígenas

Uma descoberta intrigante no asteroide Ryugu no ano passado gerou grande empolgação na comunidade científica. Pesquisadores detectaram moléculas orgânicas nesse corpo celeste distante, alimentando especulações sobre as origens da vida e a possibilidade de sua disseminação pelo espaço. Essa ideia, conhecida como panspermia, sugere que a vida poderia se espalhar entre corpos celestes.
Mas um novo estudo lança dúvidas sobre essas conclusões empolgantes. Cientistas agora sugerem que os compostos orgânicos encontrados podem na verdade ser contaminantes terrestres, apesar das rigorosas precauções tomadas. Essa reviravolta inesperada reacende o debate sobre a presença de material orgânico em asteroides e suas implicações para nossa compreensão da vida no universo.
Micróbios — os colonizadores supremos
A missão Hayabusa2 da Agência Espacial Japonesa alcançou um feito notável ao trazer amostras do asteroide Ryugu para a Terra. Apesar dos cuidados extremos para evitar contaminação, um estudo recente sugere que micróbios terrestres conseguiram colonizar essas amostras preciosas.
Pesquisadores da Imperial College London observaram padrões de crescimento microbiano nas amostras. Esses padrões eram consistentes com espécies de Bacillus, bactérias conhecidas por sua resistência a condições extremas.
Os cientistas acompanharam o desenvolvimento desses microrganismos por cerca de dois meses. Eles notaram um ciclo típico: crescimento inicial seguido de declínio populacional quando os recursos se esgotaram. O tempo de geração de aproximadamente 5,2 dias corresponde ao de certas espécies de Bacillus.
Esse achado ressalta a incrível capacidade dos micróbios terrestres de colonizar até mesmo amostras extraterrestres, mesmo com rigorosas precauções contra contaminação. A descoberta levanta questões importantes sobre os desafios de manter amostras espaciais livres de influência terrestre.
O estudo destaca a resiliência e adaptabilidade dos microrganismos da Terra. Esses seres microscópicos demonstraram sua habilidade de prosperar em ambientes inesperados, reforçando seu status como os verdadeiros pioneiros da colonização.
O que isso significa para a contaminação de amostras espaciais
A proteção de amostras extraterrestres contra contaminação terrestre é um desafio crucial. Nosso planeta abriga uma variedade imensa de organismos adaptados a diversos ambientes. Garantir a esterilidade dos equipamentos é apenas parte do problema. Evitar a contaminação durante o reingresso na atmosfera terrestre é igualmente importante.
Um estudo recente revelou que mesmo uma exposição breve pode levar à colonização microbiana de materiais trazidos do espaço. Isso é especialmente preocupante para pesquisas astrobiológicas, onde diferenciar vida extraterrestre de contaminação terrestre é fundamental. Os resultados indicam que microrganismos terrestres podem metabolizar matéria orgânica extraterrestre sem dificuldades.
Existem métodos para reduzir o risco de colonização. Preparar amostras finas em áreas isoladas e armazená-las em atmosfera seca e inerte, como nitrogênio, pode inibir o crescimento microbiano. A microscopia eletrônica de varredura também ajuda a identificar comunidades microbianas existentes.
Um aspecto positivo é que os micróbios penetraram apenas alguns micrômetros da amostra. Isso sugere que, mesmo havendo contaminação, ela pode ser removida. Além disso, nenhum outro microrganismo foi encontrado nas amostras de Ryugu. Com os protocolos atuais, o risco de contaminação é baixo, mas não inexistente.
Essa experiência trouxe lições valiosas. Os cientistas podem agora aprimorar os protocolos de manuseio e análise, fortalecendo a integridade dos estudos de amostras extraterrestres. À medida que buscamos sinais de vida além da Terra, essas descobertas nos lembram da resiliência da vida em nosso planeta e sua capacidade de se adaptar a novos ambientes.
Cosmos
Mapa cósmico confirma Teoria da Gravidade de Einstein em todo o universo

Um time internacional de pesquisadores testou a previsão de Albert Einstein sobre o comportamento da gravidade em escala cósmica. Usando o Instrumento Espectroscópico de Energia Escura (DESI), os cientistas mapearam o agrupamento de quase seis milhões de galáxias por um período de até 11 bilhões de anos.
O estudo mostrou que a forma como as galáxias se juntam está de acordo com o modelo padrão de gravidade e com as previsões da teoria da Relatividade Geral de Einstein. A análise dos dados do primeiro ano do DESI é um dos testes mais detalhados dessa teoria em grandes escalas, oferecendo importantes informações sobre como a gravidade influencia o universo.
Analisando a estrutura em expansão do universo
Ao estudar como as galáxias se agrupam ao longo do tempo, os pesquisadores descobriram padrões que revelam como a estrutura do universo evoluiu. Isso permitiu aos cientistas do DESI testar teorias de gravidade modificada – uma explicação alternativa para a expansão acelerada do nosso universo, normalmente atribuída à energia escura.
Eles descobriram que a forma como as galáxias se agrupam é consistente com o nosso modelo padrão de gravidade e com as previsões feitas por Einstein. O resultado valida o principal modelo do universo e limita as possíveis teorias da gravidade modificada, que foram propostas como formas alternativas de explicar observações inesperadas, como a expansão do universo.
Várias universidades do Reino Unido estiveram envolvidas nas últimas descobertas de pesquisa do DESI, incluindo a Universidade de Portsmouth, a Universidade de Durham e a University College London. O Dr. Seshadri Nadathur, Professor Associado do Instituto de Cosmologia e Gravitação da Universidade de Portsmouth, liderou o grupo que produziu a nova análise.
“Os dados que coletamos com o DESI nos permitem medir os padrões sutis de como as galáxias se agrupam. O que é realmente emocionante é que podemos usar esses padrões não apenas para medir a velocidade com que o Universo está se expandindo, mas até mesmo testar nossa compreensão da própria gravidade! Até agora, a Relatividade Geral está se sustentando bem, mas vimos algumas surpresas com a energia escura”, disse o Dr. Nadathur.
Explorando questões fundamentais da física
Nathan Findlay, um estudante de doutorado na Universidade de Portsmouth, também liderou parte do trabalho de quantificação de algumas das incertezas na análise. “O fato de que podemos aprender sobre matéria escura, energia escura, a história e o destino do Universo, até mesmo a teoria correta da gravidade – todas essas questões fundamentais da física – usando esses dados do DESI é alucinante, realmente. É muito emocionante fazer parte disso”, disse Findlay.
O DESI contém 5.000 “olhos” de fibra óptica, cada um dos quais pode coletar luz de uma galáxia em apenas 20 minutos. Pesquisadores da UCL, também um membro-chave da colaboração DESI, ajudaram a projetar, montar e construir o corretor óptico do DESI – seis lentes, a maior com 1,1 m de diâmetro, que focalizam a luz nos “olhos”.
Testando a gravidade em escalas cosmológicas
A Dra. Pauline Zarrouk, cosmóloga do Centro Nacional Francês de Pesquisa Científica (CNRS) que trabalha no Laboratório de Física Nuclear e de Altas Energias (LPNHE), co-liderou a nova análise. “A relatividade geral foi muito bem testada na escala dos sistemas solares, mas também precisávamos testar se nossa suposição funciona em escalas muito maiores”, disse a Dra. Zarrouk, que foi pesquisadora de pós-doutorado no Instituto de Cosmologia Computacional da Universidade de Durham e agora é visitante acadêmica no instituto.
“Estudar a taxa na qual as galáxias se formaram nos permite testar diretamente nossas teorias e, até agora, estamos alinhados com o que a Relatividade Geral prevê em escalas cosmológicas”.
Massa do neutrino e agrupamento galáctico
Uma análise detalhada dos dados do DESI, co-liderada pelos pesquisadores da Universidade de Durham, Dr. Willem Elbers e Professor Carlos Frenk, forneceu novos limites superiores para a massa dos neutrinos, as únicas partículas fundamentais cujas massas ainda não foram medidas com precisão em laboratório.
Os neutrinos influenciam o padrão de agrupamento das galáxias, embora ligeiramente, mas isso pode ser medido com a qualidade dos dados do DESI. Experimentos de laboratório com neutrinos estabelecem um limite inferior para a massa do neutrino; notavelmente, a distribuição de galáxias no DESI estabelece um limite superior para essa massa que agora está muito próximo do limite inferior, com um valor de cerca de um décimo milionésimo da massa do elétron.
Cosmos
Telescópio de Defesa Planetária NEOWISE da NASA queima na atmosfera da Terra

O telescópio de defesa planetária da NASA, conhecido como NEOWISE, encerrou sua missão após uma década de operações. O equipamento, que monitorava objetos próximos à Terra, entrou na atmosfera terrestre e se desintegrou, marcando o fim de uma era na busca por potenciais ameaças ao nosso planeta.
Inicialmente lançado em 2009 como WISE, o telescópio mapeou o céu em infravermelho com uma sensibilidade sem precedentes. Após esgotar seu líquido de refrigeração, ele foi adaptado para uma nova missão em 2013, focando na observação de asteroides e cometas.
O líquido refrigerante era o que impedia o calor da espaçonave de interferir nas observações infravermelhas. Mas a espaçonave ainda estava operacional e, embora o telescópio não fosse mais capaz de ver os objetos infravermelhos mais tênues, ele era mais do que capaz de observar os fortes sinais infravermelhos emitidos por asteroides e cometas sendo aquecidos pela radiação do Sol à medida que se movem mais em direção ao centro do Sistema Solar.
Durante sua operação, o NEOWISE fez 1,45 milhão de medições infravermelhas de mais de 44.000 objetos no Sistema Solar. Ele monitorou mais de 3.000 objetos próximos à Terra, sendo o primeiro a detectar 215 deles.
Uma última imagem antes do fim
O fim da missão do satélite NEOWISE foi parcialmente causado pelo aumento da atividade solar, que o empurrou para fora de sua órbita. Em agosto, a NASA instruiu o telescópio a capturar uma última imagem da constelação de Fornax antes de ser desligado.
“A missão planejou esse dia por um longo tempo. Após vários anos de calmaria, o Sol está acordando novamente”, explicou Joseph Masiero, pesquisador principal adjunto do NEOWISE e cientista do IPAC, uma organização de pesquisa do Caltech em Pasadena, Califórnia, em uma declaração em 2023. “Estamos à mercê da atividade solar e, sem meios para nos manter em órbita, o NEOWISE está agora lentamente espiralando de volta à Terra.”
Enquanto o NEOWISE era a estrela do sistema de defesa planetária da NASA, a agência continua observando o céu com vários telescópios espalhados pela Terra. O próximo passo, o NEO Surveyor, deve ser lançado depois de 2027 para continuar esse trabalho importante de monitoramento espacial.
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