Cientistas calculam chances de lixo espacial matar alguém

Daniela Marinho
Imagem: Canva

Denomina-se por lixo espacial tudo aquilo que foi criado pelo homem e que está orbitando a Terra; isto é, que encontra-se ao redor do planeta. Como o próprio nome sugere, o detrito espacial não tem qualquer função útil, pois consiste, sobretudo, em diversas partes de foguetes que ficaram para trás após o lançamento, assim como satélites desativados, sondas e outros objetos.

É inegável que o avanço da tecnologia tem permitido diversas inovações em benefício da vida num contexto geral, principalmente em questões relacionadas ao aprimoramento de estudos em áreas variadas, como as condições climáticas, geolocalização, etc. No entanto, com mais objetos sendo lançados para o espaço, cada vez mais lixo espacial é produzido.

Nesse contexto, os cientistas calcularam os riscos de alguém ser morto em função do lixo espacial. Embora pareça remotamente difícil acontecer um acidente assim, afinal nunca houve antes, há certo risco.

Estudo calcula o risco de alguém ser vítima fatal do lixo espacial

lixo espacial 1
Lixo espacial. Imagem: Canva

Casos de ferimentos e danos à propriedade por conta do lixo espacial já foram notificados. Contudo, em se tratando de vítimas humanas atingidas por objetos que despencam do céu, parece, a priori, algo extremamente improvável. Mas com um número cada vez maior de lançamentos, será mesmo que não há risco ou este é iminente?

Cientistas fizeram um novo estudo – publicado na Nature Astronomy – no qual estimaram a chance de causalidades da queda de peças de foguetes nos próximos dez anos. No estudo, os pesquisadores investigaram a chegada descontrolada de detritos espaciais artificiais, como estágios de foguetes gastos, associados a lançamentos de foguetes e satélites.

Eles utilizaram modelagem matemática das inclinações e órbitas de partes de foguetes no espaço e densidade populacional abaixo deles, bem como 30 anos de dados de satélites anteriores. Assim, os cientistas puderam estimar onde os destroços de foguetes e outros objetos de lixo espacial aterrissam quando caem de volta à Terra.

Entre as descobertas, os cientistas acreditam que há um risco pequeno, mas significativo, de reentrada de peças na próxima década. Entretanto, é mais provável que aconteça nas latitudes do sul do que nas do norte.

Além disso, o estudo estimou que os corpos de foguetes têm aproximadamente três vezes mais chances de pousar nas latitudes de Jacarta na Indonésia, Dhaka em Bangladesh ou Lagos na Nigéria do que em Nova York nos EUA, Moscou na Rússia ou em Pequim na China.

Lixo espacial versus vida humana

lixo espacial 2
Autoridades sauditas inspecionam um módulo que caiu em janeiro de 2001. Imagem: Divulgação Wikipedia

Todos os dias, milhares de detritos espaciais chovem sobre a Terra e sequer, temos consciência dos perigos. Ao todo, são cerca de 40 mil toneladas de poeira advindas de partículas microscópicas de asteroides e cometas estabelecidas na superfície terrestre.

Dessa forma, os corpos de foguetes que retornam à Terra de maneira descontrolada — criando perigo para as pessoas na superfície, é um processo ainda conservador, visto que cada reentrada espalhe detritos letais por uma área de dez metros quadrados, há uma chance de 10% de uma ou mais baixas na próxima década, em média, como assinala o estudo. Assim, portanto, o risco de detritos de satélites e foguetes causar danos na superfície da Terra (ou na atmosfera ao tráfego aéreo) foi considerado insignificante.

Perigo para as operações seguras

Se por um lado, o risco do lixo espacial para a vida humana ainda ser irrelevante; por outro lado, os detritos espaciais podem obstruir a realização de operações seguras; isto é, satélites extintos — e seus fragmentos — são um grande problema em potencial no que diz respeito ao lançamento seguro de satélites em funcionamento.

Ademais, as baterias e o combustível que não foram utilizados também resultam em explosões na órbita da Terra que geram resíduos adicionais, aumentando a concentração de lixo espacial.

A alternativa seria investir nas tecnologias existentes que controlam a reentrada de detritos; porém, elas possuem uma implementação muito cara.

Compartilhar