Cientistas ainda não sabem como os girassóis rastreiam a luz

Damares Alves
Imagem: Pexels

Os girassóis, com suas deslumbrantes crinas amarelas e caules robustos, são mais enigmáticos do que parecem à primeira vista. Recentemente os pesquisadores descobriram que essas plantas não seguem os processos convencionais para seguir o sol no céu.

Durante o dia, os girassóis acompanham o caminho do sol – um fenômeno conhecido como heliotropismo – com suas cabeças inclinando-se progressivamente para o oeste devido ao alongamento das células no lado leste do caule. À noite, as células se alongam no lado oposto dos caules, fazendo com que as cabeças se reorientem para o leste.

No entanto, os mecanismos por trás desse rastreamento solar são um grande mistério.

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Imagem: Maksim Goncharenok

Muitas plantas crescem e se alongam em direção a uma fonte de luz devido à ativação de receptores de luz azul, chamadas fototropinas, no lado iluminado do caule, que estimulam o alongamento das células e a flexão do caule em direção à luz. Mas o que acontece com o girassól é um pouco diferente.

Um estudo publicado no final de outubro deste ano na revista Plos Biology, sugere que, embora esse mecanismo explique como os girassóis se curvam em direção à luz artificial em ambientes fechados, ele não explica como os girassóis seguem naturalmente o caminho do sol.

Para melhor compreender esta capacidade de rastrear o sol, umaa equipe de pesquisadores da Universidade da Califórnia em Davis, EUA analisou girassóis cultivados em laboratório com luz artificial e outros cultivados ao ar livre sob a luz solar.

Os pesquisadores procuraram ver quais genes foram ativados quando ambos os conjuntos de plantas foram expostos às suas fontes de luz. Os girassóis cultivados em área interna cresceram diretamente em direção à fonte de luz azul no laboratório e ativaram os genes associados à fototropina. 

As flores cultivadas ao ar livre e que moviam a cabeça seguindo o sol tinham um padrão diferente de expressão genética se comparados com os que cesceram na área interna. Esses girassóis também não apresentavam diferenças aparentes nas moléculas de fototropina entre um lado do caule e outro. 

A equipe também bloqueou a luz azul, ultravioleta, e vermelha com caixas de sombra. Mas Girassóis não tiveram nenhum efeito na resposta ao heliotropismo. Segundo a equipe, “isso indica que provavelmente existem vários caminhos respondendo a diferentes comprimentos de onda de luz para atingir o mesmo objetivo de seguir o sol.”

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Imagem: DOI 10.1371/journal.pbio.3002344

Curiosamente, assim que os girassóis previamente cultivados em ambiente controlado foram expostos ao ambiente externo, eles imediatamente começaram a seguir o sol. Os cientistas notaram que no início, houve um surto notável de atividade genética no lado da planta que estava na sombra, algo que não se repetiu nos dias subsequentes. Isso leva a crer que ocorreu uma espécie de “ajuste” na planta.

A pesquisa não apenas esclareceu alguns aspectos sobre como os girassóis a seguem o sol, mas também trouxe insights importantes para a elaboração de futuros experimentos voltados para a compreensão dos mecanismos das plantas.

De acordo com a professora Stacey Harmer, autora da pesquisa na Universidade da Califórnia, Davis, “Nossos resultados sugerem que tanto o rastreamento solar quanto o fototropismo em condições do mundo real são muito mais complicados do que esperávamos”.

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