Artrópodes em geral têm exoesqueletos. Ou seja, a parte mais resistente dos seus corpos é externa. Além deste recurso, todavia, uma nova pesquisa mostra que as caudas de escorpiões podem fazer movimentos únicos de dobramento e torção.
De acordo com a nova pesquisa, publicada no periódico The Royal Society, as caudas dos escorpiões podem não apenas se dobrar em ângulos estranhos, e se torcer em vários graus, mas também fazer as duas coisas ao mesmo tempo.
Acontece que os pesquisadores descobriram que as caudas dos escorpiões têm um tipo de junta especial. De acordo com os autores, a pesquisa é a primeira descrição desta estrutura. Assim, cada “gomo” da cauda de um escorpião funciona como um segmento do corpo. Isso porque eles são, de fato, segmentos do corpo modificados, como veremos em seguida.
Estes segmentos possuem então aberturas circulares especiais posteriormente e duas estruturas laterais em forma de sela anteriormente. Assim, sem muitos bloqueios aos movimentos, os escorpiões conseguem girar cada um dos segmentos em duas direções. Além do mais eles podem dobrar suas juntas como fazemos com nossos dedos, só que de forma mais versátil.
Isso permite, então, que estes aracnídeos consigam atingir presas em ângulos bastante difíceis e com uma precisão altíssima.
A função das caudas dos escorpiões, além da caça
As caudas dos escorpiões, biologicamente, não são caudas, na verdade. Isso porque os segmentos presentes na parte de trás de um escorpião têm dentro de si o próprio intestino do bicho, junto ao cordão nervoso ventral. Essa última estrutura é equivalente à espinha dos mamíferos.
Assim, a cauda do escorpião recebe o nome de metasoma e é essencial para a sobrevivência do artrópode. Uma vez que essa estrutura possui o ânus do escorpião, aliás, ela é importante para a digestão e para a defecação.
Além do mais, o metasoma tem funções importantes durante a reprodução, busca por abrigo e, claro, a caça.
Para chegar a essas conclusões, todavia, os pesquisadores analisaram dezenas de escorpiões de 16 espécies diferentes. A equipe então realizou tomografias computadorizadas a nível microscópico para gerar modelos 3D da cauda de uma fêmea de Mesobuthus gibbosus.
Essa análise in silica permitiu então a visualização de uma gama extremamente ampla de movimentos que os escorpiões podem ter em suas caudas. Apenas o último segmento, que contém o ferrão, se mostrou mais rígido à torção, podendo ainda, contudo, se dobrar.