A metalurgia provavelmente se popularizou há 3.000 anos, na Ásia. A partir daí, a habilidade de moldar e processar o ferro se espalhou para a Europa, até finalmente chegar nos países escandinavos. No entanto, uma nova pesquisa indica que caçadores-coletores da Escandinávia já dominavam o ferro muito antes do que se esperava.
A maioria das evidências relacionadas à metalurgia indicam que as pequenas tribos próximas do Ártico apenas vieram a utilizar amplamente a forja a partir de 1600 D.C. Todavia, pesquisadores descobriram fornalhas e resquícios de metais nos restos de uma antiga tribo de 2.000 anos, na Suécia.
No sítio arqueológico de Sangis, pesquisadores descobriram a carcaça de uma fornalha provavelmente utilizada para a forja de materiais de metal. A fornalha tinha um revestimento de resina de cerâmica e pedaços de ferro, cobre e bronze outrora fundidos.
Ainda, a datação por carbono da fornalha mostrou que o aparato data entre 200 e 50 A.C, ou seja, há mais de 2.000 anos. De acordo com a pesquisa, publicada no periódico Antiquity, a descoberta levanta perguntas sobre a sofisticação para a metalurgia destas comunidades antigas.
Evidências de metalurgia em um segundo sítio de escavação
Ainda no sítio de Sangis, a pouco mais de 500 metros da fornalha, pesquisadores encontraram diversas outras evidências da manipulação de metais. Além de ossos de peixe, os arqueólogos descobriram três fogueiras onde os metais eram moldados. Nessa região, também, a equipe descobriu diversos artefatos de ferro e bronze, além de gotas solidificadas de cobre.
Em um outro sítio de escavação próximo, Vivungi, a equipe também descobriu duas fornalhas provavelmente utilizadas para a metalurgia, sobretudo de ferro. De acordo com a pesquisa, as evidências de Vivungi datam de 100 A.C, apesar de não haver fogueiras para o tratamento e purificação de metais.
“Este estudo é particularmente perspicaz pois o metal é ferro, tipicamente considerado uma metalurgia mais desafiadora do que a do cobre ou ouro; os artesãos são caçadores coletores historicamente imaginados usando apenas tecnologias básicas; e a localização é uma região amplamente ignorada em histórias de tecnologia,” afirma o especialista Marcos Martinón-Torres, da Universidade de Cambridge, em uma declaração.
A autora Carina Bennerhag afirma que os povos caçadores-coletores da Suécia “provavelmente manufaturavam mais ferro e aço, e eram mais socialmente organizados e sedentários do que imaginávamos.”