Brilho verde detectado na atmosfera de Marte pela primeira vez

Erik Behenck
Astrônomos conseguiram identificar, depois de décadas, um brilho verde em Marte. (Imagem: ESA)

Astrônomos ficaram encantados com um brilho verde detectado na atmosfera de Marte. Cientistas já buscavam observar este fenômeno há décadas. Causado pela interação entre a luz solar e o oxigênio na atmosfera superior, esse brilho era detectado apenas no céu acima da Terra.

Essa descoberta envolvendo a atmosfera marciana ajudará os pesquisadores a entender melhor sobre os processos que impulsionam o brilho aéreo, tanto aqui no nosso planeta como em outros corpos celestes.

“Uma das emissões mais brilhantes vistas na Terra decorre do brilho da noite. Mais especificamente, dos átomos de oxigênio emitindo um comprimento de onda de luz específico que nunca foi visto em outro planeta”, disse o astrônomo Jean-Claude Gérard, da Université de Liège na Bélgica, o principal autor do novo artigo que descreve o fenômeno.

O céu nunca fica completamente escuro na Terra, nem mesmo durante à noite. Acontece que as moléculas da atmosfera constantemente passam por processos, fazendo com que brilhem levemente por meio dos comprimentos de onda.

Assim, é um brilho semelhante ao da aurora, produzido pelas mesmas partículas. Contudo, é bem mais fraco. A aurora é carregada de partículas do vento solar, que ionizam átomos atmosféricos, possibilitando que formem luzes dançantes nos céus da Terra.

Inédito: brilho verde detectado na atmosfera de Marte

O que astrônomos já haviam analisado em Marte é um brilho durante o dia, algo muito mais fácil de identificar, já que a sua presença é mais ofuscada pela luz do dia. Contudo, na Terra acontece quando as moléculas na atmosfera absorvem a luz solar, dando excesso de energia para elas, em uma frequência ligeiramente baixa.

Em Marte, esse brilho durante o dia foi previsto em 1979, mas os orbitadores do Planeta Vermelho, de frente para a superfície ainda não conseguiram fazer a detecção. Mas, aprendendo com a Estação Espacial Internacional, a equipe responsável reorientou o instrumento utilizado, olhando diretamente para o planeta.

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Dessa forma, fizeram diversas avaliações, entre 20 e 400 quilômetros de altitudes. Assim, ao analisarem os dados coletados, perceberam brilho verde detectado na atmosfera de Marte, algo inédito.

Emissão verde é parecida com o que acontece na Terra

Quando a equipe modelou o processo por trás da emissão, identificaram que é algo semelhante a luminescência atmosférica da Terra. Neste caso, quando a radiação solar atinge a atmosfera marciana, o dióxido de carbono é dividido em monóxido de carbono e oxigênio. Assim, os átomos de oxigênio geram o tal brilho verde.

Além disso, o comprimento visível da onda é 16,5 vezes maior do que a onda ultravioleta. “As observações em Marte concordam com os modelos teóricos anteriores, mas não com o brilho real que vimos em torno da Terra, onde a emissão visível é muito mais fraca”, disse Gérard.

Brilho verde em Marte
Brilho noturno da terra. ( NASA )

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Os pesquisadores acreditam que devem estudar mais sobre átomos de oxigênio, algo fundamental para entender a física atômica e quântica. Contudo, essa discrepância pode ser causada pela maneira como o instrumento foi regulado para as observações.

O estudo foi publicado pela Nature Astronomy.

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