Na vastidão escura e fria do espaço, um enigma cósmico agita a comunidade astronômica: a possibilidade de um planeta do tamanho da Terra escondido em nosso próprio sistema solar. A descoberta de planetas sempre foi um desafio, mesmo para corpos celestes grandes como Júpiter, visíveis da Terra.
No entanto, a busca por exoplanetas (planetas fora do nosso sistema solar) nos presenteou com 5.502 descobertas desde 1992, graças à observação de diminuições na luz das estrelas quando seus planetas passam à frente.
Identificar objetos em nosso próprio sistema solar é um desafio diferente. Recorre-se a observar o movimento de outros objetos para determinar onde olhar. Foi assim que Netuno foi descoberto: Urbain Le Verrier, um astrônomo e matemático, percebeu uma discrepância entre a órbita prevista de Urano pela física newtoniana e sua órbita observada. Ele concluiu que a órbita poderia ser influenciada gravitacionalmente por um planeta além de Urano – e estava correto.
Patryk Sofia Lykawka, da Universidade Kindai no Japão, e Takashi Ito, do Observatório Astronômico Nacional do Japão, voltaram seus olhares para o movimento de objetos no Cinturão de Kuiper. Eles sugerem que um planeta do tamanho da Terra pode ser responsável pelos movimentos peculiares de objetos além da órbita de Netuno.
Por meio de simulações, detalhadas em um artigo na revista The Astronomical Journal, a equipe determinou que um planeta com aproximadamente 1,5-3 vezes a massa da Terra e em uma órbita inclinada de cerca de 30 graus poderia explicar essas anomalias. “Os resultados do cenário KBP (Planeta do Cinturão de Kepler) apoiam a existência de um planeta ainda não descoberto no sistema solar externo”, conclui a equipe.
Eles também propõem onde buscar as próximas evidências da existência deste planeta. Isso inclui a localização de novas populações de TNOs (objetos transnetunianos) além de 150 unidades astronômicas (AU), geradas pelas perturbações do possível planeta.
Embora essa ideia possa parecer familiar, os autores enfatizam que este planeta é distinto do hipotético “Planeta 9”, que é teorizado como sendo muito mais massivo e mais distante do que o potencial planeta semelhante à Terra no Cinturão de Kuiper.
Como uma espécie de detetive cósmico, a comunidade astronômica agora tem um novo mistério para resolver. A descoberta de um novo planeta em nosso próprio quintal cósmico certamente seria uma reviravolta na história de nossa compreensão do universo. Afinal, mesmo na imensidão do cosmos, ainda existem segredos a serem revelados bem debaixo do nosso nariz estelar.