Pesquisadores encontraram uma praça e pirâmide que possuem construções inspiradas em antigas pirâmides mexicanas. A descoberta foi feita a mil quilômetros de distância da capital maia Tikal, onde atualmente é a Guatemala, e ela aumenta a ideia de que a cidade de Teotihuacan tinha influência sobre Tikal.
Teotihuacan é uma cidade próxima da Cidade do México e possui três pirâmides gigantes localizadas na rua principal da cidade antiga, conhecida como Avenida dos Mortos. A menor dessas pirâmides é chamada de Templo da Serpente Emplumada, e fica dentro da Cidadela, que é uma grande praça submersa que possui paredes altas.
A arquitetura das antigas pirâmides mexicanas
Segundo os pesquisadores, as estruturas descobertas possuíram seis fases na sua construção, sendo que elas datam de uma época na Mesoamérica conhecida pelos arqueólogos como período clássico inicial, que durou do ano 300 dC até 550 dC.
A descoberta dessas antigas pirâmides mexicanas mostra que elas provavelmente vieram antes da conquista de Teotihuacan, o que pode significar que essas civilizações entraram em contato entre si muito antes da conquista de Tikal, e que elas possivelmente negociavam e faziam ligações políticas entre elas mesmas.
A arqueóloga Heather McKillop da Universidade do Estado da Louisiana, escreveu em seu livro The Ancient Maya: New Perspectives que havia uma grande presença de arquitetura e cerâmica no estilo de Teotihuacan em Tikal em diversos locais maias em toda a Guatemala. Segundo a autora, são extensas evidências da influência de Teotihuacan na Mesoamérica desde o ano 400 dC até 700 dC.
A arqueóloga antropológica Nawa Sugiyama da Universidade da Califórnia, que não estava envolvida na pesquisa, mas diz que “O planejamento urbano muito ortogonal com orientação específica das pirâmides dá a Teotihuacan um estilo arquitetônico muito característico, tornando fácil identificar qualquer influência de Teotihuacan no exterior.”
Como a descoberta foi feita
Para descobrir a arquitetura das antigas pirâmides mexicanas foi feito um trabalho em grupo, com cientistas de diversas instituições que utilizaram uma técnica de sensoriamento remoto aerotransportado chamado lidar.
O co-autor diz que eles sabiam que a área em questão da Guatemala era importante para a cultura de Teotihuacan, mas o local onde a construção está não aparecia nos mapas antigos do sítio arqueológico de Tikal porque estava coberto por uma vegetação, parecendo uma colina natural.
Mas o grupo de cientistas resolveu dar mais atenção ao lugar. “Como o local era adjacente a uma área em Tikal onde muitos artefatos no estilo de Teotihuacan foram encontradas na década de 1980, achamos que merecia mais atenção.” diz David Stuart, co-autor do estudo e diretor do Centro Mesoamérica da Universidade do Texas em Austin.
Dessa forma, os cientistas revisaram o mapeamento utilizando o lidar e viram que a planta geral dos edifícios era parecida à Cidadela e seu tempo em Teotihuacan. Segundo Eduardo Natalino, historiador da Mesoamérica na USP que não participou do estudo, diz que esses vestígios arquitetônicos em antigas pirâmides mexicanas mostram que as elites indígenas mesoamericanas estavam conectadas, e que talvez esse não seja o resultado de um processo de colonização ou dominação.