Pouco se sabe sobre as vítimas do vulcão Vesúvio, que causou a morte muitas pessoas em Pompeia e Herculano em 79 EC. Entretanto, novos estudos apontam como os cidadãos de Herculano se alimentavam: a dieta dos homens consistia em cereais e frutos do mar, enquanto as mulheres comiam mais ovos, carnes e laticínios. Os detalhes foram publicadas na revista Science Advances.
“Os restos mortais das vítimas do Vesúvio oferecem uma oportunidade única de examinar o estilo de vida de uma antiga comunidade. Eles viveram e morreram juntos”, disse o co-autor do estudo Oliver Craig, arqueólogo da Universidade de York, em um comunicado. “As fontes históricas muitas vezes aludem ao acesso diferenciado aos alimentos na sociedade romana, mas raramente fornecem informações diretas ou quantitativas”.
Estudos apontam que vítimas do Vesúvio eram escravas
Os pesquisadores analisaram os restos mortais de 11 homens e 6 mulheres, porque a súbita explosão de cinzas quentes e gás preservou perfeitamente seus ossos. Acima de tudo, ossos e dentes absorvem proporções diferentes de nitrogênio e carbono, que variam de acordo com a alimentação. Foi então que os profissionais conseguiram identificar a possível dieta das vítimas do Vesúvio, analisando isótopos ligados a alimentos específicos.
Os resultados evidenciam que os homens comeram 50% mais proteína de frutos do mar em relação às mulheres e, sobretudo, ganharam mais proteína dos grãos. Todavia, as mulheres consumiram mais carne de animais terrestres, além de laticínios, frutas locais e ovos. Em uma análise macro, o sexo masculino apresentou maior variedade na dieta.
Seguindo vestígios da época, boa parte da população de Herculano era ou já havia sido escravizada, incluindo as vítimas do Vesúvio, o que também pode dar parâmetros sobre as dietas. Os homens pescavam e comiam a própria pesca, além disso, deixavam de ser escravos mais jovens, permitindo acesso a uma gama maior de opções alimentares. Ambos os sexos ingeriam grande quantidade de azeite, cerca de 12% das calorias consumidas pelos cadáveres era formada por óleo.
“O óleo não era um condimento, era um ingrediente apropriado”, disse a autora principal Silvia Soncin , arqueóloga da Universidade de York. “Eles extraíram muita energia disso.”