Amonita gigante nadava pelo Atlântico há 80 milhões de anos

Mateus Marchetto

Há 80 milhões de anos, um molusco com 1,7 metros de diâmetro se impulsionava pelas águas do Atlântico, dentro de sua concha. Com esse tamanho, a espécie Parapuzosia seppenradensis era o maior amonita dos oceanos, e um dos maiores moluscos conhecidos. Agora pesquisadores entendem um pouco melhor porque o animal pode ter crescido tanto.

Nesse sentido, uma equipe de pesquisadores da Alemanha analisou os fósseis de 154 amonitas de diversos momentos do período Cretáceo. 11 destes fósseis pertenceram a espécies mais primitivas e menores destes moluscos, principalmente a Pleptophylla.

Segundo a pesquisa, disponível no periódico PLOS One, a espécie gigante deste molusco tinha uma distribuição muito mais ampla ao longo do Oceano Atlântico. Fósseis de P. seppenradensis podem ser encontrados tanto na costa do México quanto no Reino Unido. Já os ancestrais menores destes gigantes estavam restritos à Europa durante a maior parte do Cretáceo.

fossils gf97324111 1920
Imagem: jhenning_beauty_of_nature / Pixabay

Acontece que durante períodos mais tardios do Cretáceo, os Pleptophylla (espécie menor e mais antiga) conseguiram sair da Europa e migrar para o Golfo do México, por exemplo.

Nesse sentido, a equipe acredita que estes amonitas gigantes provavelmente evoluíram de seus parentes menores, Pleptophylla. Assim, o P. seppenradensis desenvolveu um tamanho tão elevado após o espalhamento do seu ancestral.

Contudo, ainda não se sabe exatamente o motivo dos P. seppenradensis terem crescido tanto. Uma hipótese interessante, todavia, é de que seus predadores também cresceram muito. E eles eram realmente gigantes.

Relação dos mosassauros com essa amonita gigante

Há 80 milhões de anos, os continentes do planeta estavam repletos de tiranossauros, triceratopsídeos e saurópodes. No entanto, o oceano estava tão repleto de gigantes quanto a terra. Os mosassauros foram os grandes predadores dos mares durante o período Cretáceo. Assim, pesquisadores acreditam que eles influenciaram o tamanho dos amonitas.

Acontece que os mosassauros surgiram há mais ou menos 92 milhões de anos, formando um grupo altamente diverso de répteis marinhos (mosassauros não eram dinossauros). Esses animais, portanto, podiam ter tamanhos de até 18 metros de comprimento.

Entretanto, os primeiros mosassauros eram menores e as espécies foram crescendo com o tempo. O que ocorre é que o momento em que os mosassauros cresceram mais coincide com o momento em que os P. seppenradensis atingiram tamanhos gigantes.

nautilus g7c2bb60c7 1920
Imagem: glucosala / Pixabay

Vale comentar que há evidências de que os mosassauros se alimentavam de amonitas, apesar de não haver dados de que eles predassem o P. seppenradensis em específico.

Ainda assim, os mosassauros podem ter criado uma pressão seletiva para que os amonitas crescessem tanto. Isso porque um amonita que não crescia o suficiente era facilmente comido por um mosassauro gigante. Ou seja, os genes para animais menores foram diminuindo em frequência, dando prevalência a animais maiores.

Ainda assim, isso é apenas uma hipótese. Como dito, não há evidências diretas de que os mosassauros de fato comiam essa espécie de amonita. Contudo, a pesquisa mostra uma possível interpretação para o surgimento e evolução destes grandes moluscos com conchas.

A pesquisa está disponível no periódico PLOS One.

Compartilhar