No século XIX, o mundo se preparava para lidar com as revelações de Charles Darwin sobre a evolução das espécies. Mas o cientista não era o único na época a estudar essa área, e um dos seus grandes amigos foi Fritz Müller, um alemão que escolheu o Brasil como seu lar.
Ele nasceu em 1822, na Alemanha, mas em pouco tempo resolveu deixar o velho mundo para trás.
Após a Revolução de 1848 fracassar em seu país, Müller ficou insatisfeito com a monarquia reinante, e a incapacidade de transformarem a Alemanha num lugar democrático, com liberdades políticas.
Assim, resolveu partir para o Brasil, em 1852, aos trinta anos, com sua filha e esposa. Após ficar no litoral durante um mês, Müller resolveu comprar um território na colônia de Blumenau, onde foi acompanhado por seu irmão, Hermann Müller.
O Governo Provincial tinha entregue terras a Hermann Bruno Otto Blumenal dois anos antes de Müller chegar ao Brasil. O objetivo de Blumenal era fundar uma colônia agrícola, cuja população seria oriunda da Europa.
Os dois se conheceram enquanto ainda estavam na Alemanha, quando trabalhavam num centro farmacêutico na cidade de Erfurt, onde Müller nasceu.
Em 2 de setembro de 1852, 17 colonos finalmente chegaram a Blumenau. A colônia logo se tornaria uma das maiores na América do Sul, tornando-se influente tanto na indústria como no setor agrícola brasileiro.
A vida do naturalista Fritz Müller e seus estudos científicos no Brasil
Müller escolheu a Garcia como seu lar, um local no sul da colônia. Até hoje, o ribeirão contém grande quantidade de plantas, pássaros e peixes de diversas espécies, o que certamente serviu como um ponto de estudo para o naturalista. Contudo, seus primeiros anos se dedicaram a um trabalho físico, o qual Müller muito apreciava, sentindo-se bem com a vida da enxada e machado.
Esse apreço por ambientes naturais e simples o acompanharia ao longo da vida. Em 1856, Hermann Blumenal indicou Müller para se tornar professor na província.
Ele se mudou de casa a pé, e afirmou que, no caminho, passou por grandes trechos da praia. Lá, encontrou uma diversidade de animais valiosa, que despertou nele os antigos anseios por pesquisar sobre a fauna marinha.
Dividiu-se, então, entre ensinar a seus alunos e estudar a flora e fauna nativas. Após ler o livro mais famoso de Darwin, “A Origem das Espécies”, o naturalista resolveu colocar suas ideias a prova.
Ele estudou a respiração de caranguejos pertencentes a diferentes espécies, registrando que as criaturas tinham habilidades especiais para viver na superfície.
Ao estudar camarões e outros crustáceos, constatou que ambos tinham uma fase larval, o que apontava uma semelhança nos seus antepassados.
O naturalista registrou suas descobertas no livro “Für Darwin”, que chamou a atenção da comunidade científica e inclusive do próprio cientista britânico. Fritz então se tornou pesquisador do governo.
A vida do naturalista Fritz Müller teve conquistas acadêmicas, também. O cientista foi convidado a lecionar na Alemanha, onde viveu por 11 anos. Contudo, retornou ao Brasil em 1867, para Blumenal, novamente, onde morreu aos 75 anos, no ano de 1897. Hoje, a casa onde morou se tornou o Museu de Ecologia Fritz Müller, onde se mantém os trabalhos e memórias do alemão.