Problema dos 3 corpos: consultor científico explica ciência por trás da série (contém spoiler)

Daniela Marinho
Imagem: Reprodução / Netflix

Para os fascinados pela física e pela imensidão do cosmos, a nova série dos brilhantes criadores de Game of Thrones, David Benioff e DB Weiss, em colaboração com o talentoso escritor de True Blood, Alexander Woo, 3 Body Problem [Problema dos 3 corpos], desafia os limites da imaginação.

Em oito episódios envolventes, a produção tem tudo para oferecer ao telespectador uma experiência extraordinária, explorando desde os mistérios dos Sófons e nanofibras, até questões existenciais sobre a natureza humana.

O contexto da série é a China dos anos 60, onde uma escolha crucial desencadeia uma série de eventos que ameaçam o destino da humanidade. Com o mundo à beira do abismo, um grupo de cientistas, conhecidos como Oxford Five, é convocado para salvar a civilização das garras do desastre iminente.

A ciência em “Problema dos 3 corpos”

Em entrevista ao Tudum, Matt Kenzie, professor associado de física na Universidade de Cambridge e consultor científico da mais recente série da Netflix, Problema dos 3 corpos, explica a ciência por trás da produção.

Desse modo, já no episódio de estreia, é possível presenciar o momento impactante em que a ex-professora universitária do Oxford Five, Dra. Vera Ye, interpretada por Vedette Lim, se encaminha até uma plataforma no topo de um imenso tanque e mergulha fatalmente em uma piscina rasa logo abaixo. Mas o que exatamente era esse gigantesco tanque? Conhecido como detector de partículas, ou tanque Cherenkov, é utilizado para observar, medir e identificar partículas, incluindo os neutrinos, partículas comuns provenientes em grande parte do sol.

Dr. Kenzie explicou à Netflix: “Parte da razão pela qual eles são interessantes é que realmente não entendemos muito sobre eles, e suspeitamos que eles poderiam estar nos dando pistas para outros tipos de física no universo que ainda não entendemos.”

Quando um neutrino interage com as moléculas de água contidas dentro do tanque, isso desencadeia uma reação nos tubos fotomultiplicadores, aqueles pequenos círculos que revestem o tanque para onde Vera se lança. No entanto, devido ao término do experimento de Vera e à redução da água a um nível raso, sua queda resulta em sua trágica morte.

Contagem regressiva

Prosseguindo, nos episódios 1 e 2, a nanotecnologista Auggie, interpretado por Eiza González, é atormentada por uma contagem regressiva enigmática visível apenas para ela.

O Dr. Kenzie especula que essa contagem regressiva poderia estar relacionada ao fenômeno da radiação Cherenkov, sugerindo que é possível criar uma imagem na visão de alguém usando luz Cherenkov no líquido do olho, de forma semelhante ao som produzido por um estrondo sônico quando um jato passa.

Estrelas piscando

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Imagem: Reprodução / Netflix

Apesar de Auggie ser a única pessoa que consegue enxergar a contagem regressiva em seus olhos, ela não está sozinha ao notar as estrelas piscando no céu no final do episódio 1. De fato, todos testemunham as estrelas piscando em um padrão codificado.

Enquanto a explicação científica para o brilho das estrelas devido à refração atmosférica faz sentido, o fenômeno de desligar e ligar completamente é fictício e desafia qualquer explicação racional. O Dr. Kenzie admite que não há uma maneira convencional de replicar esse efeito, sugerindo apenas a possibilidade de criar uma espécie de “máscara” do céu para explicar o acontecimento.

Universo das nanofibras

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Imagem: Reprodução / Netflix

Visionária na vanguarda da tecnologia de nanofibras, Auggie está à frente de uma empresa pioneira, ela lidera a concepção de nanofibras de polímeros sintéticos auto-organizáveis, vislumbrando sua mais recente inovação como uma ferramenta para resolver questões globais prementes, desde a pobreza até doenças.

Novamente, o Dr. Kenzie, com sua expertise, desvenda o mistério ao descrever as nanofibras como “qualquer material com largura na escala de nanômetros” – em outras palavras, são extremamente finas, com uma espessura equivalente a um milionésimo de milímetro.

Confeccionadas a partir de materiais como grafeno, uma estrutura de carbono com a espessura de um único átomo, essas nanofibras exibem uma resistência excepcional. “Além disso,” ele acrescenta, “elas apresentam notável flexibilidade e excelentes propriedades condutoras de calor e eletricidade.” Essas características fazem das nanofibras uma ferramenta promissora com inúmeras aplicações potenciais, oferecendo um vislumbre de um futuro tecnológico repleto de possibilidades.

Para além dessas abordagens, a série Problema dos 3 corpos apresenta uma série de personagens e conceitos que não deixam a desejar, como os Sófons, Wallfacer, o sol sendo usado como uma superantena para refletir e amplificar ondas de rádio de outros planetas para a Terra, desidratação de corpos e cérebros humanos sendo levados ao espaço.

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