A Floresta Amazônica abriga fantásticas criaturas da fauna da América do Sul. Algumas nos encantam como o boto-cor-de-rosa ou o bicho-preguiça e algumas nos causam medo como a piranha-vermelha e a anaconda. Esta última aqui no Brasil é conhecida como sucuri que possui diversas espécies. Na Amazônia especificamente a mais conhecida e mais temida é a sucuri-verde, uma das maiores cobras do mundo. Recentemente uma nova espécie de sucuri foi descoberta na Floresta Amazônica por uma equipe de documentaristas.
Não é apenas a descoberta que chama atenção, mas também ela foi feita pois contou com a participação de ninguém menos que Will Smith. O incrivelmente carismático ator hollywoodiano participava das filmagens de um documentário do professor Bryan Fry, da Universidade de Queensland, da Austrália, Pole to Pole que será transmitido na National Geographic. Apesar da descoberta, o foco da série não estava nas sucuris. O professor Fry e sua equipe estavam acompanhando o povo indígena dos Waorani num estudo sobre os efeitos da perfuração de petróleo na Amazônia.
Descoberta de nova espécie de sucuri na Amazônia
As sucuris-verdes “entraram” no documentário porque como são um dos principais predadores daquela região, caçando animais como veados, capivaras e até jacarés, elas acabam sendo muito vulneráveis a degradações no seu habitat. Então a equipe decidiu que seria interessante comparar as concentrações de metais pesados nas sucuris machos e fêmeas para determinar as consequências dos derramamentos de petróleo na floresta. O ator Will Smith chegou até entrar na água para ajudar a capturar as sucuris.
Na sua investigação, o professor Fry e sua equipe descobriram que os machos tinham mil vezes mais concentrações de chumbo e cádmio no seu interior do que as fêmeas, indicando que tais elementos teriam se infiltrado nas águas onde os machos geralmente caçam. Foi durante esse processo que a nova espécie de sucuri foi descoberta. Os pesquisadores notaram que as espécies encontradas no território do Equador eram maiores que as do Brasil. Uma das sucuris capturadas tinha 6,3 metros de comprimento e a equipe alega ter visto uma de pelo menos 7,5 metros.
Se tratando da aparência e do comportamento, as sucuris-verde do Brasil e do Equador não apresentavam maiores diferenças a não ser o tamanho. Porém, quando decidiram comparar as amostras genéticas de ambas, a equipe notou que havia uma diferença de 5,5% no DNA delas. A análise está descrita com mais detalhes num artigo publicado na revista MDPI Diversity. Dando sequência no estudo, o professor Fry observou que essa espécie também se encontrava em amostras da Colômbia e da Venezuela.
Com isso agora a espécie das sucuris-verde será dividida em duas novas: a sucuri-verde do norte (Eunectes akayima) e a sucuri-verde do sul (E. murinus). Cada espécie vive em bacias fluviais diferentes, com uma divisão geográfica que data de mais de 10 milhões atrás e que já teria causado outras divisões de espécies entre outros animais da Floresta Amazônica.
Descoberta também mostra preocupação com o efeito do petróleo na região
A descoberta de Fry e sua equipe também chama atenção para uma preocupação ambiental. A agora chamada sucuri-verde do sul não corre muito perigo por ser tão amplamente distribuída pelo território brasileiro. Contudo a nova espécie de sucuri do norte possui uma distribuição menor e está sendo muito afetada pela perfuração de petróleo próximo dos locais que habitam. Além disso existem outros problemas como a exploração de madeira ilegal e a seca que assola a região nos últimos tempos.
O povoado dos Waorani também vem sendo afetado pela perfuração de petróleo nas suas terras. Ano passado houve uma grande campanha para conseguir aprovar um referendo que proibia a ação de petrolíferas em partes das terras Waorani. A equipe espera que com o documentário e a descoberta da nova espécie de sucuri possa ajudar a trazer mais atenção para as ameaças que a região enfrenta.