Fungo parasita descoberto em uma planta fossilizada de 400 milhões de anos 

O mais antigo já identificado!

Damares Alves
Imagem microscópica mostrando o fungo rompendo as paredes da planta. Imagem: Strullu-Derrien et al/Nature Communications

Em um estudo publicado na Nature Communications, pesquisadores revelaram a descoberta de um microrganismo patogênico de origem fúngica, considerado o mais antigo já identificado, dentro de uma coleção de fósseis pertencente a um renomado museu.

Com uma idade estimada em mais de 400 milhões de anos, este fungo, batizado como Potteromyces asteroxylicola, pertence à categoria dos fungos filamentosos, que são frequentemente relacionados a processos infecciosos.

O espécime fóssil, que evidenciou a presença deste parasita, é uma planta primitiva conhecida pelo nome científico de Asteroxylon mackiei, e foi localizado no acervo do Museu de História Natural de Londres. O parasita em questão causou danos significativos à planta, perfurando sua camada exterior, levando à morte das células hospedeiras e à subsequente absorção dos nutrientes vitais para sua sobrevivência.

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Representação artística da planta Asteroxylon mackiei.
Imagem: ©Hetherington et al., licenciada sob 
CC BY 4.0 via 
eLife

A equipe de pesquisa observou que a planta hospedeira desenvolveu estruturas em forma de cúpula, o que sugere que estava viva durante o ataque do fungo. Esta interação representa a mais antiga evidência documentada de um fungo parasitário induzindo doença em um organismo vegetal.

A descoberta ocorreu durante a análise de amostras de plantas fossilizadas com o auxílio de um microscópio confocal, que permitiu a criação de imagens tridimensionais. Os pesquisadores, ao examinarem um dos fósseis do Museu de História Natural de Londres, identificaram uma forma que parecia inédita no reino dos fungos.

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Esporos do fungo parasita P. asteroxilícola. Imagem: Strullu-Derrien et al/Nature Communications

O segundo espécime foi encontrado na coleção do Museu Nacional da Escócia. “Trabalhar com fungos fósseis não é como trabalhar com dinossauros”, disse. A principal autora do estudo, Christine Strullu-Derrien, paleontóloga do Museu de História Natural de Londres, disse em um declaração. “Quando você encontra um dinossauro, um indivíduo pode ser descrito como uma nova espécie, mas para os fungos você precisa encontrar mais de um para ter certeza de que possui algo único. Encontrei o primeiro espécime de Potteromyces em 2015, mas demorou anos até descobrir outro para poder descrevê-lo.”

Os fósseis analisados provenientes de ambos os museus foram extraídos de Rhynie Chert, uma formação rochosa rica em registros fósseis de plantas, bactérias, fungos e até mesmo animais do período Devoniano Inferior. Este sítio na Escócia é reconhecido por sua importância para o entendimento da evolução precoce das plantas e dos fungos a elas associados.

A descoberta amplia o conhecimento sobre as interações entre fungos e plantas nos primeiros ecossistemas terrestres. Além disso, Potteromyces pode ser um marco para datar a evolução de diferentes grupos de fungos, como o Ascomycota, que é um dos maiores filos dentro do reino fúngico.

O nome do gênero do fungo é uma homenagem à escritora e micologista Beatrix Potter, mais conhecida por sua obra “The Tale of Peter Rabbit“. As contribuições de Potter para a micologia, evidenciadas por suas ilustrações detalhadas e estudos sobre o crescimento dos fungos, estavam adiantadas em relação aos conhecimentos científicos da época, conforme mencionado no comunicado oficial.

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