Polvo mais mortal do oceano é capaz de matar mais de 20 pessoas de uma só vez

Felipe Miranda
Hapalochlaena maculosa, pequeno, mas muito venenoso. Imagem: Sylke Rohrlach / Wikimedia Commons).

Na natureza, há uma regra que pode salvar sua vida: se o que você está prestes a tocar ou comer é muito bonito ou colorido, pare — pode ser venenoso. Isso se aplica, por exemplo, a alguns sapos e à borboleta monarca. Esse pequeno e bonito polvo é o polvo mais mortal do oceano. Com sua pele amarelo-brilhante e esses anéis azuis é realmente hipnotizante. Mas ele é apenas mais um exemplo de que o que é bonito pode ser muito venenoso.

O Polvo-de-anéis-azuis, o polvo mais mortal do oceano é extremamente venoso quando está sob estresse ou se sente ameaçado por algo ou algum movimento suspeito. Trata-se de uma forma de defesa do animal.

Há duas espécies do Polvo-de-anéis-azuis: Hapalochlaena lunulata e Hapalochlaena maculosa, sendo o lunulata um tanto maior e o maculosa, bastante menor, possuindo apenas pequenos 12 centímetros de comprimento. O gênero Hapalochlaena possui, ainda, mais duas espécies integrantes.

Além do tamanho, uma das principais características que diferenciam as duas espécies são os hábitos de acasalamento, mais especificamente, a forma de reprodução.

Os polvos maiores possuem uma fase larval planctônica – ou seja, como plânctons. Somente depois, eles crescem como polvos, da forma como conhecemos. Isso ajuda na dispersão, gerando uma população mais alta e um alcance mais amplo da espécie. Já o polvo-de-anel-azul do sul — o menor deles —, já eclode como polvo, um “mini adulto”.

O polvo mais mais mortal do oceano é, logicamente, o polvo mais venenoso do mundo. Ele possui uma neurotoxina chamada tetrodoxina — o mesmo veneno do baiacu. Para se ter ideia, cada polvo tem veneno suficiente para matar mais de 20 humanos em alguns minutos. O veneno é 1000 vezes mais poderoso do que o cianeto.

“Como eles são noturnos e são muito tímidos e dão muitos avisos também, você realmente teria que ser muito teimoso para ser mordido”, disse ao HowStuffWorks Peter Morse, zoólogo marinho da Universidade James Cook, em North Queensland, Austrália. “O veneno é muito potente e não há soro antiofídico. Mas o veneno se desgasta, então se a pessoa [mordida] pudesse obter técnicas que salvassem vidas durante esse tempo, ela poderia estar bem”.

polvo mais mortal do oceano
Esse é o Hapalochlaen Lunata, o Polvo-de-anéis-azuis maior. Imagem: Rickard Zerpe / Wikimedia Commons.

O veneno do polvo mais mortal do oceano

O veneno dura entre 12 e 48 horas, dependendo do tamanho da pessoa e da quantidade veneno que a pessoa recebeu durante a picada.

O veneno é do tipo chamado de bloqueador pós-sináptico. Isso significa que ele bloqueia os neurotransmissores e, por consequências, os sinais nervosos. Com isso, alguns músculos do corpo param de trabalhar, como é o caso do diafragma. Com isso, a pessoa enfrenta grande dificuldade ou até mesmo para de respirar, podendo levar à morte.

Além disso, entre os efeitos da toxina estão as náuseas, visão turva e dificuldade para engolir.

Um problema um tanto medonho é o fato de que não há soro antiofídico, então, o socorro imediato, em caso de intoxicação com o veneno, é necessário. Mas em todo o mundo, houve apenas três mortes conhecidas por picadas dos polvos.

Não sabemos exatamente de onde vem esse veneno. O polvo não é peçonhento, então não possui um órgão específico para isso. Mas ele não o produz. A origem exata do veneno não se sabe.

Veneno e peçonha

Vale aproveitar o tema para diferenciar dois conceitos que são comumente confundidos: o de veneno e peçonha. Um animal venenoso é aquele que produz uma toxina venenosa.

Um animal peçonhento, por sua vez, é um animal que consegue injetar veneno na corrente sanguínea da vítima e produz peçonha – um veneno produzido em uma glândula especializada. Um exemplo de animal peçonhento são as cobras.

Os animais venenosos não possuem um dispositivo inoculador – ou seja, não injetam o veneno.

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