O celacanto é uma espécie de peixe grande, que vive de 90 a 300 metros abaixo da superfície. Este animal foi descrito pela primeira vez por Louis Agassiz em 1836. A descrição foi feita usando como base uma cauda de peixe que estava fossilizada há 260 milhões de anos.
Agassiz nomeou o peixe como Coelacanthus. Desde essa descoberta, ao longo dos anos, os cientistas encontraram mais fósseis de celacanto com idades entre 409 a 66 milhões de anos.
Como até aquele momento nenhum tinha sido encontrado vivo, mas sim apenas seus restos mortais, era normal que a comunidade científica considerasse que ele era um peixe extinto.
Quais características diferenciam o celacanto dos demais peixes?
Os celacantos se parecem com peixes comuns, mas eles possuem diversas características únicas que, quando estudadas mais de perto, o diferenciam dos demais.
Em primeiro lugar, este peixe possui várias barbatanas carnudas que muitos cientistas acreditavam que ele utilizava para caminhar no fundo do mar. Mas, ao observar o peixe em ação, foi possível ver que eles apenas flutuam com as correntes marítimas, mantendo seu corpo rígido.
Além disso, suas barbatanas se movem coordenadamente, o que é uma característica diferente dos demais peixes. No celacanto, as barbatanas se movem em conjunto, de forma parecida com o padrão que um réptil tem quando anda.
O celacanto também tem outras características incomuns. Ao invés de ter uma coluna vertebral robusta, ele possui uma notocorda que o sustenta. Inclusive, o crânio desse peixe é ósseo e possui articulações intracranianas junto a uma dobradiça onde ele pode abrir a boca de forma ampla, o que não é visto em outros vertebrados.
Por fim, este peixe pode ter até 2 metros de comprimento e eles dão à luz filhotes vivos ao invés de colocar ovos. No celacanto, os seus ovos eclodem no corpo da fêmea e crescem cerca de 30 centímetros de comprimento até nascer. A gestação dura por volta de um ano.
Quando um celacanto vivo foi descoberto?
Os celacantos pararam de ser considerados um peixe extinto quando Marjorie Courtenay-Latimer, a curadora do East London Museum na África do Sul, encontrou este peixe por acaso em uma rede de arrasto no dia 22 de dezembro de 1938.
Mas, ela não pôde identificar o peixe assim que o encontrou. Sendo assim, ela escreveu uma carta para JLB Smith, um professor da Universidade de Rhodes que era especialista em peixes.
Ao receber a carta, Smith ficou impressionado. Em resposta, ele escreveu que “pelo seu desenho e descrição, o peixe se assemelha a formas que estão extintas há muitos anos”. A partir daí o peixe já foi considerado uma descoberta de grande valor científico.
Quando ela foi revelada ao público, o celacanto encontrado vivo pela curadora se tornou manchete no mundo todo. Na hora de nomear o animal, Smith resolveu fazer uma homenagem para Marjorie e o local onde foi encontrado, o rio Chalumnae. Isso fez o famoso celacanto ser chamado de Latimeria chalumnae.
Após a descoberta, Smith começou a busca por um segundo celacanto para estudar mais sobre esse animal. Mas, ele só foi encontrado em 1952, onde o peixe foi capturado por um pescador das Ilhas Comoro. No entanto, este achado era tão importante que um avião militar foi em busca do famoso peixe.
Desde a descoberta do segundo espécime, o celacanto foi visto em outras partes da costa leste da África, como Madagascar, Moçambique e Quênia.
O que se sabe sobre o celacanto da Indonésia?
Após 60 anos do celacanto ter sido descoberto vivo, outro espécime foi encontrado a milhares de quilômetros de distância na ilha indonésia Sulawesi. O animal foi encontrado pelo casal Arnaz Mehta Erdmann e seu marido ictiólogo Mark Erdmann.
O peixe foi imediatamente identificado como um celacanto, mas, a partir de uma análise de DNA, os cientistas viram que ele era uma espécie diferente daquele encontrado em 1938.
O peixe indonésio foi batizado como Latimeria menadoensis pelo ictiólogo francês Laurent Pouyaud.
Os celacantos podem ser extintos?
Apesar de o celacanto ter sido encontrado vivo depois de muito tempo, hoje a comunidade científica teme que ele possa entrar em extinção no futuro.
Mas, até o momento, não sabemos o número exato de celacantos vivos que estão nadando pelos mares. Segundo um estudo de 2011, pode haver cerca de 300 a 400 celacantos vivos no momento.
Antes de o animal ter virado um grande interesse científico, os celacantos costumavam ser pescados e logo depois soltos pelos pescadores, já que ele não é muito utilizado como alimento.
Mas, depois que o celacanto foi descoberto e ganhou certa importância, eles acabaram virando alvo de pescadores que ganhavam recompensas altas toda vez que capturavam um espécime.
A prática da recompensa era feita porque a comunidade científica precisava de espécimes para realizar um estudo mais amplo sobre o animal. Mas, o próprio Smith não gostava da ideia de oferecer uma gratificação em dinheiro para a pesca do celacanto.
Porém, mesmo após essa recompensa ter acabado, os celacantos se tornaram um negócio lucrativo no mercado negro, onde eram mais buscados, principalmente por aquários que queriam exibir o famoso peixe.
Existem registros do zoológico de Londres disposto a pagar £1.000 por um espécime. Em 1992, os celacantos apareceram também em uma lista de animais do comércio ilegal. Eles estavam custando £100.000 cada.
Este peixe representa o elo entre terra e água?
Quando o celacanto foi descoberto pela primeira vez na década de 1930, as pessoas acreditavam que ele poderia ser o elo perdido da evolução onde os peixes começaram a sair da água para viver na terra.
O principal motivo disso era devido às suas nadadeiras lobadas. Essa característica está muito relacionada aos tetrápodes, que são os vertebrados como aves, répteis, anfíbios e mamíferos.
No entanto, já na década de 1990, Peter Foley, um especialista em celacanto, observou que o peixe não tem relação direta com os humanos e qualquer outro tetrápode. Ele diz que o elo entre terra e água poderia ser encontrado apenas em espécies de água doce, que provavelmente teria uma coluna vertebral robusta e não uma notocorda.
Além de Peter, em 2013 os cientistas sequenciaram o genoma do celacanto, mostrando que os animais vertebrados têm mais relação com os animais terrestres do que o celacanto teria.