Peixe fantasma: espécie de celacanto está reaparecendo em Madagascar

Mateus Marchetto
Imagem: Wikimedia Commons

Até 1938, o celacanto era considerado um peixe extinto. Contudo, em dezembro do tal ano, pescadores capturaram um exemplar deste fóssil vivo nas águas do Oceano Índico. Desde então, pesquisadores e autoridades perceberam que na verdade o peixe nunca fora completamente extinto. Novas evidências, aliás, mostram que Madagascar pode abrigar grandes populações destes peixes.

Os primeiros ancestrais do celacanto habitavam o planeta desde 420 milhões de anos atrás. Ou seja, nada mais anda menos que 180 milhões de anos antes do surgimento do primeiro dinossauro. Até a descoberta em 1938, aliás, acreditava-se que o impacto do asteroide que extinguiu os dinossauros também tinha acabado com os celacantos.

Acontece que desde 1938, mais de 50 outros celacantos acabaram capturados no Oceano Índico. Contudo, a grande maioria das capturas e também das observações aconteceram em Madagascar e ao redor das Ilhas de Comores. Após 1980, sobretudo, a identificação e captura desses peixes por pescadores ficou mais comum.

Isso porque com o crescimento exponencial da economia chinesa, a pesca no Oceano Índico também aumentou. Isso fez com que o celacanto acabasse preso em redes voltadas à pesca de tubarões, em águas mais profundas.

A conservação celacanto daqui para frente

O celacanto é um peixe que pode atingir noventa quilos e até dois metros de comprimento, possuindo duas espécies vivas: Latimeria chalumnae e Latimeria menadoensis. A primeira tem sido observada mais frequentemente em Madagascar, enquanto a segunda habita águas ao redor da Indonésia.

Apesar da descoberta incrível desses animais não estarem realmente extintos, pouco se sabe sobre o número real da população destes peixes. Isso acontece porque os celacantos vivem a profundidades entre 400 e 500 metros, geralmente em cavernas e formações rochosas mais profundas.

Por esse motivo, inclusive, o celacanto está caindo em redes de tubarões. Um novo tipo de rede, chamado jarifa, pode alcançar altas profundidades em busca de tubarões. Isso portanto faz com que os celacantos fiquem mais expostos à pesca e mesmo ao tráfico ilegal.

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A ilha de Madagascar tem aproximadamente 80 milhões de anos. Ou seja, os celacantos estavam no planeta há muito antes da separação da ilha e do continente. Imagem: shell300/Pixabay 

Os autores do estudo a respeito dos celacantos de Madagascar, publicado no periódico South African Journal of Science, afirmam que pela descoberta recente esses peixes ainda são pouco estudados e têm poucos recursos internacionais de proteção.

Nesse sentido, os autores ressaltam a importância da criação de santuários de proteção ao celacanto, especialmente levando em conta a possibilidade da existência de grandes populações ao redor da ilha de Madagascar.

O artigo está disponível no periódico South African Journal of Science.

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