Estudo mostra que tarântulas coexistiram com dinossauros

Mateus Marchetto
Estudos mostram como as tarântulas colonizaram todo o planeta sem cruzar oceanos. Image: 251206/Pixabay

As tarântulas não são exatamente animais migratórios. Muito pelo contrário, esses aracnídeos passam a maior parte da vida em suas tocas e apenas os machos adultos saem frequentemente. Mesmo com esses hábitos pouco exploratórios, as tarântulas habitam praticamente o planeta todo, com exceção de áreas polares.

Nesse sentido, um novo estudo publicado no periódico PeerJ mostrou que as tarântulas já estão por aqui há muito tempo, e isso pode explicar a sua distribuição geográfica. Acontece que os pesquisadores puderam concluir que essas aranhas já estão no planeta há pelo menos 120 milhões de anos.

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Imagem: WikiImages/Pixabay

Acontece que nesse período, o Cretáceo, a maioria dos continentes estava unida no chamado Gondwana, o super continente do sul do planeta á época. Os pesquisadores acreditam que essas aranhas tiveram origem no que hoje seria a América do Sul, que na época era fusionada à África, Oceania e partes da Índia, por exemplo.

Assim, com todos os continentes próximos, as aranhas conseguiram colonizar essas terras sem cruzar grandes massas de água. Contudo, com a deriva continental, os continentes foram se separando e carregando consigo as tarântulas.

Fósseis de tarântulas

Os aracnídeos são artrópodes e, portanto, possuem um exoesqueleto rígido feito de quitina (uma proteína estrutural). Assim, esse esqueleto externo pode se conservar ao longo de milhares de anos. No entanto, os cientistas não precisaram encontrar um fóssil de tarântula de 120 milhões de anos.

Ao invés disso, os autores do estudo avaliaram os RNA’s, sobretudo ribossômicos, de diversos fósseis de tarântulas. A partir dos resultados foi possível supor um ancestral aracnídeo que viveu junto com os dinossauros do Cretáceo inicial.

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Imagem: Danny de Bruyne/Pixabay

Assim, o estudo mostrou que as tarântulas podem ter sido, na verdade, animais bastante colonizadores em seus primeiros milhões de anos de existência. Ademais, os pesquisadores identificaram duas linhagens principais de tarântulas que colonizaram o continente asiático com pelo menos 20 milhões de anos de diferença entre os eventos.

Uma dessas linhagens de aracnídeos, inclusive, conseguiu cruzar a linha de Wallace. Essa fronteira imaginária divide a Oceania e a Ásia delimita uma área de extrema biodiversidade de um lado, enquanto o outro permanece relativamente ermo.

As análises do material genético mostram, portanto, como esses animais se dispersaram ao longo do planeta e colonizaram tantas áreas se aproveitando da deriva continental. De quebra os pesquisadores mostraram a fama de tarântulas sedentárias como falsa.

O artigo está disponível no periódico PeerJ.

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