Em uma viagem de campo às florestas do norte do Rio de Janeiro, os cientistas encontraram um novo fungo parasita de aranhas que ataca as aranhas da espécie alçapão e as deixam parecidas com “zumbis” como os da famosa série The Last Of Us.
Este fungo, localizado na mata atlântica brasileira, é uma espécie rara para os cientistas. Ele é roxo e pertence a um grupo de fungos específicos que se apoderam de invertebrados e viram seu hospedeiro.
Apesar de ter deixado uma aranha com aparência de zumbi, os cientistas ainda não têm provas de que o fungo estivesse realmente controlando a aranha antes de matá-la, como as formigas zumbis costumam fazer com suas vítimas.
Fungo parasita de aranhas foi descoberto por cientista brasileiro
A descoberta do fungo parasita de aranhas foi feita na mata atlântica, um dos ecossistemas mais ameaçados do mundo que no passado chegou a cobrir 15% do território brasileiro. Hoje restou apenas 20% da mata original.
Mas, foi neste ecossistema que o micologista brasileiro João Araújo, que atua hoje no Jardim Botânico de Nova Iorque, descobriu o parasita de aranhas. Ele relata que o fungo “é uma coisa muito bonita” e destaca que a característica mais interessante do espécime é sua cor roxa.
João descobriu o fungo ao realizar uma viagem pelas florestas do Rio Janeiro. O objetivo era documentar a biodiversidade da região e encontrar novas espécies.
Agora o espécime descoberto ainda não foi confirmado como uma nova espécie. Para isso acontecer, é preciso que João crie uma descrição científica sobre a descoberta.
Porém, no momento, não se sabe muito sobre este grupo de fungos. Ele já havia sido coletado antes na Tailândia, no entanto, os cientistas afirmam conhecer apenas 1% de sua diversidade.
Sendo assim, será necessário muito trabalho científico para investigar mais sobre o novo fungo e entender seus comportamentos e funções no meio da natureza.
Uma tecnologia recente foi utilizada na descoberta
Apesar de João ter descoberto o fungo parasita de aranhas, a viagem até o local não foi feita sozinha. A expedição foi realizada a partir de uma parceria entre os jardins botânicos de Nova Iorque, Rio de Janeiro e Kew, que fica no Reino Unido.
Além dele, a viagem também tinha especialistas em diversos animais diferentes, como pássaros e sapos para encontrar novas espécies na mata.
Para realizar o trabalho, foi utilizado uma tecnologia recente e portátil que pode sequenciar o genoma de fungos no local em que é encontrado. Com isso, além do fungo parasita de aranhas, eles acreditam ter encontrado também um novo fungo parasita de aranhas opilião e outro que ataca besouros de esterco.
Hoje os pesquisados estão animados com a tecnologia utilizada e acreditam que ela pode ser muito bem usada para identificar novas espécies em ecossistemas que estão ameaçados.
Sobre isso, a Dra. Natalia Przelomski disse que em Kew eles têm acesso a diversas tecnologias que ajudam a sequenciar o DNA das espécies. Por isso, ter essa tecnologia na viagem é um grande passo, já que países com biodiversidades costumam não ter acesso a ela.
Dessa forma, com a tecnologia em mãos, os cientistas poderão ser capazes de fazer novos avanços e descobertas em ambientes biodiversos.