Garota de 12 anos criou garrafa de água que você pode comer

Mateus Marchetto
Madison Checketts, de 12 anos, foi nomeada uma das 30 finalistas da Broadcom Masters Competition de 2022, a principal competição de ciência, tecnologia, engenharia e matemática dos EUA para alunos do ensino médio. Imagem: Society for Science

Estima-se que mais de 460 milhões de toneladas de plástico foram produzidas no planeta em 2019. Desse número, apenas 9% acabou reciclado. Pensando nisso, a jovem Madison Checketts desenvolveu inovadoras garrafas comestíveis e biodegradáveis, buscando reduzir o impacto das garrafas tradicionais nos ecossistemas.

A garota de 12 anos, de Utah, começou a pensar nas garrafas comestíveis como conteúdo de uma feira de ciências escolar. Com o projeto, a menina ganhou prêmios em feiras estatais e nacionais. Agora ela é uma das finalistas da Broadcom Masters Competition de 2022: o maior evento nacional de inovação científica para jovens do ensino básico nos Estados Unidos.

Pesquisando informações na internet, majoritariamente, Madison Checketts testou diversas formulações e formas de fazer as garrafas. Após alguns meses, a garota criou esferas com consistência de gel que podem conter até 200ml de água e durar até 3 semanas na geladeira.

Em 2014, o pesquisador Rodrigo Garcia criou uma tecnologia bastante semelhante, porém utilizando compostos diferentes para a produção do recipiente. Além do mais, as garrafas de Garcia continham apenas 50ml de água.

O projeto de Madison recebeu o nome de Eco-Hero e cada uma das garrafas custa em torno de R$6,00 para ser feita. Para consumir a água dentro da esfera de gel, basta morder a parte superior e beber o líquido. A esfera pode então ser comida ou descartada, o que não gerará resíduos devido aos compostos biodegradáveis.

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Recipiente Eco-Hero. Imagem: Missy Checketts via Smithsonian Magazine.

A química das garrafas comestíveis

Para criar as garrafas comestíveis, a garota usou o processo chamado de esferificação inversa. Esse processo, por conseguinte, consiste em imergir um composto rico em cálcio em uma solução de alginato de sódio. A reação entre estes compostos cria uma película de gel que delimita uma esfera.

Após muitas tentativas, Checketts chegou numa composição de lactato de cálcio e goma xantana imersos em alginato de sódio. Para conservar melhor o gel, a garota adicionou um pouco de suco de limão na composição. Isso porque o limão possui um pH ligeiramente ácido e desacelera o crescimento de microrganismos.

Evidentemente, o recipiente tem alguns problemas práticos. A duração do composto é muito menor do que a de uma garrafa plástica, além da garrafa comestível ser muito mais cara que uma de plástico.

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Imagem: Missy Checketts via Smithsonian Magazine

Ao Smithsonian Magazine, o especialista em meio-ambiente Daniel Rittschof declara que o trabalho de Madison apresenta esses empecilhos práticos, mas que a ideia pode funcionar.

“Na minha perspectiva, essa é uma ideia que, se for vista praticamente, a ideia básica não funcionaria, mas isso não significa que você não possa buscar a ideia até que ela funcione,” diz o cientista da Duke University.

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