Buraco na camada de ozônio cresce pelo terceiro ano consecutivo

Felipe Miranda
O buraco ocorre principalmente acima da Antártica. Imagem: NASA

O buraco na camada de ozônio cresce novamente, e é o maior desde 2015. Com aproximadamente 26,4 milhões de quilômetros quadrados, o buraco cresce acima da Antártida. Mas isso ainda não levanta grandes preocupações entre os cientistas, pois há uma tendência de queda no tamanho do buraco para o futuro.

“A tendência geral é de melhoria. É um pouco pior este ano porque este ano foi um pouco mais frio”, disse à Associated Press Paul Newman, cientista-chefe do Centro de Voo Espacial Goddard da NASA. “Todos os dados dizem que o ozônio está em recuperação”, completa.

O buraco e a importância do ozônio

O famoso buraco na camada de ozônio cresce há décadas. Algumas substâncias, com destaque para Tetracloreto de Carbono (CTC), Hidroclorofluorcabono (HCFC), Clorofluorcarbono (CFC), Brometo de Metila e Halon, causam a degradação na camada de ozônio.

Essas substâncias chamadas CFCs foram desenvolvidas no final da década de 1920, e passaram a ser muito utilizados em sistemas de refrigeração, em substituição à amônia, pois era menos tóxico e nada corrosivo. Os clorofluorcarbonos são inertes, então, inicialmente acreditava-se que não fariam nenhum mal à atmosfera. No entanto, esses compostos criaram um buraco, e desde então, o buraco na camada de ozônio cresce.

Apenas em 1974, Frank S. Rowland e Mario J. Molina propuseram que o ozônio localizado na estratosfera estava sendo destruído como nunca antes visto, em uma escala muito maior. Eles ainda concluíram que o que causava essa destruição eram átomos com cloro (Cl), flúor (F) ou bromo (Br) em sua composição. Um único átomo de cloro pode destruir cem mil moléculas de ozônio antes de ser removida da atmosfera por meios naturais.

A utilização desses gases caiu em todo o mundo bruscamente na década de 1990 e início do século XX, em relação às décadas anteriores, por meio de acordos globais, como o famoso Protocolo de Montreal. No entanto, a degradação continua, e ainda pode levar algumas décadas para se reverter por completo, já que a emissão desses gases que as destroem foi enorme.

A camada de ozônio é importantíssima para a vida na Terra. Ela ocorre a estratosfera, entre 15 e 35 km acima da superfície terrestre. A estratosfera bloqueia a energia solar com ondas inferiores a 290 nanômetros, como a famosa luz ultravioleta. Quanto menor o comprimento de onda, mais energia. Ondas com a energia muito alta podem danificar nosso DNA, por isso diz-se que a luz ultravioleta é cancerígena.

buraco na camada de ozônio cresce pelo terceiro ano consecutivo
Imagem: Taha Mzoughi / Wikimedia Commons.

O buraco na camada de ozônio cresce e preocupa alguns

Como já citado anteriormente, boa parte dos cientistas não estão mais tão preocupados assim com a camada de ozônio, pois simulam uma melhoria no enorme buraco.

“A destruição da camada de ozono começa mais tarde e leva mais tempo para chegar ao tamanho máximo e os buracos são tipicamente mais rasos em Setembro, que é o mês chave para olhar para a recuperação da camada de ozono, e não Outubro”, disse Susan Solomon, cientista do MIT, à Associated Press.

A crítica é em relação ao mês de análise do buraco. Solomon diz que é algo muito incomum com o buraco nesse tamanho pelo terceiro ano consecutivo, e que é algo que merece alguns estudos extras.

Atualmente, a temperatura global está um pouco mais baixa esse ano, por um efeito das mudanças climáticas do aquecimento global, e isso gera uma certa preocupação para o buraco. O clima mais frio cria nuvens que auxiliam na liberação dos gases que destroem o ozônio.

“O fato de a estratosfera estar mostrando sinais de resfriamento devido às mudanças climáticas é uma preocupação”, disse Martyn Chipperfield, cientista atmosférico da Universidade de Leeds à AP. A preocupação do cientista em relação ao problema, é que as mudanças climáticas e os trabalhos para a redução no tamanho do buraco da camada de ozônio acabem se juntando.

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