Novos microorganismos expandem a Árvore da Vida

Várias espécies muito raras de microorganismos foram descobertas, algumas nunca antes vistas e outras que escaparam aos curiosos olhos dos cientistas por mais de cem anos.

SoCientífica
Legendrea loyezae com tentáculos à direita. Imagem: Universidade de Bournemouth

A descoberta destas espécies, publicada na revista científica PROTIST, foi feita por uma dupla não convencional que nunca se encontrou pessoalmente; o Professor Genoveva Esteban da Universidade de Bournemouth e James Weiss, um cientista independente que opera em seu laboratório particular em Varsóvia, Polônia.

A descoberta destes novos e raros organismos ajudará os cientistas e o público a aprender mais sobre a vida a um nível microscópico. Eles também esperam que isso inspire milhares de jovens na ciência e prove a importância da vida microscópica para todos no planeta.

Os microorganismos são compostos por apenas uma célula e estão no fundo da cadeia alimentar. Eles vivem ao nosso redor e podem ser encontrados em qualquer habitat, desde pequenas poças até vastos oceanos; ainda há muito a descobrir sobre eles.

“A biodiversidade a nível microscópico não é tão amplamente compreendida como outras áreas da natureza, apesar do fato de que ecossistemas inteiros dependem dela”, explicou o professor Esteban. “Algumas destas espécies são completamente novas e outras não são vistas há mais de um século. Documentamos muitos comportamentos curiosos sobre elas e realizamos análises de DNA sobre elas pela primeira vez.”

“Isto significa que podemos entender mais sobre suas relações com outros micróbios e encontrar novos ramos para eles na Árvore da Vida”, continuou o professor Esteban.

Os raros e novos microrganismos incluem Legendrea loyezae.

“Não sabemos o nome deste organismo; a descrição francesa com mais de 100 anos não inclui a origem do nome, mas suspeitamos que se tratava de uma pessoa, já que ‘Legendre’ é um sobrenome francês comum”, disse o professor Esteban.

Eles também descobriram um novo Lacerus, que significa “ter bordas irregulares” devido à aparência serrilhada das bordas das células, assim como um novo Apertospathula, que significa “abertura bucal ventral”.

As novas espécies ainda não receberam nomes, mas Weiss espera nomeá-las com referências ficcionais contemporâneas que atrairão a atenção de pessoas de todas as idades.

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Um novo Lacerus com uma célula serrilhada. Imagem: Universidade de Bournemouth

“A maioria dos organismos na Árvore da Vida são microscópicos. Na verdade, a maioria da vida na Terra sempre foi microscópica. Os microorganismos foram os primeiros predadores na Terra, seus apetites gananciosos foram um dos principais fatores da evolução da vida mais complexa nas primeiras eras da Terra”, explicou Weiss.

“Como as presas desenvolveram melhores defesas, os predadores precisavam desenvolver melhores maneiras de capturá-las. Após a evolução da vida multicelular e complexa, eles se tornaram a principal fonte de alimento para outros como krill e plâncton, que por sua vez são alimentos para espécies maiores. Se os organismos no fundo fossem removidos, todas as outras partes da cadeia alimentar acima deles também entrariam em colapso”, acrescentou ele.

A dupla trabalhou em conjunto durante dezoito meses, e investigou milhares de amostras de corpos d’água, principalmente da Polônia, mas também de todo o mundo.

“Sabíamos que ninguém mais estaria procurando por elas e nenhuma outra pesquisa sobre micróbios envolveu uma busca tão intensa”, disse o professor Esteban.

“Como em todas as formas de detecção de vida selvagem, quanto mais se procura, mais se encontra. Ao colher tantas amostras, quase todos os dias, sabíamos que poderíamos encontrar algo novo. Quanto mais soubermos sobre o mundo microscópico, mais poderemos aprender sobre o resto de seus habitats, onde todas as outras formas de vida sobrevivem”.

Após isolar os microorganismos em cada amostra, eles foram capazes de estudar seu DNA e identificar aqueles que eram novos para a ciência e outros que eram extremamente raros, e eles precisavam de um especialista. A Dra. Demetra Andreou, uma ecologista molecular da Universidade de Bournemouth, também trouxe sua experiência para a equipe.

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