Astrônomos registraram um estranho sinal do espaço há 40 anos. Eles apelidaram o sinal de Wow! (Uau! em tradução literal). Alguns acreditam que tenha o sinal foi emitido por uma civilização extraterrestre, mas a hipótese havia sido refutada. Mas um astrônomo amador sugeriu que a fonte do sinal poderia ser de uma estrela semelhante ao Sol a 1.800 anos-luz de distância.
Em 1977, o radiotelescópio da Ohio State University, nos Estados Unidos, um instrumento apelidado de Big Ear, gravou um poderoso sinal de 72 segundos. Tão incomum que os astrônomos o chamaram de Wow!. Mais de 40 anos depois, ainda ninguém tinha conseguido identificar a fonte do sinal. Isto deixou espaço para a hipótese mais louca: que ela foi emitida por uma inteligência extraterrestre.
Entretanto, seja nesta região do céu ou em outra, nenhum sinal desse tipo foi registrado desde então. Nem pelo Big Ear nem por qualquer outro instrumento. Mas é precisamente da hipótese de uma origem extraterrestre que partiu um astrônomo amador, Alberto Caballero. Ele conseguiu identificar na região de emissão do sinal Wow! — como especulado nos anos 70 — uma estrela semelhante ao nosso Sol.
Investigando o céu
Para chegar à nova origem, Caballero utilizou dados do observatório Gaia, da Agência Espacial Europeia (ESA). A agência lançou a sonda em 2013 para fazer uma varredura dos céus. Até o momento, Gaia mapeou 1,3 bilhão de estrelas, e continuará até 2024. Até o fim do mapeamento, ele se tornará o mapa mais detalhado da Via-Láctea.
Caballero, então, percebeu que temos muitos mais dados nos dias de hoje do que na década de 1970. Na época, os cientistas buscaram por candidatos, mas não encontraram. Eles buscaram, na região de onde os sinais vieram, estrelas semelhantes ao Sol — estáveis, duradouras e com temperatura ideal para abrigar vida no seu entorno.
Há tipos de estrelas que vivem por períodos de tempo muito curtos, outras são muito frias. A vida na Terra, por exemplo, existe há bilhões de anos, desde que o Sol acabara de surgir. E levamos 4 bilhões de anos para chegar onde estamos. Portanto, estrelas que vivem menos do que isso não abrigariam vida inteligente. A nossa melhor aposta está em estrelas parecidas com o Sol.
Uma estrela sósia
Entre as milhares de estrelas na região estudada, as poucas dezenas consideradas potencialmente interessantes, apenas uma — pelo menos entre as listadas no catálogo Gaia — finalmente chamou a atenção do astrônomo amador. A estrela, conhecida por 2MASS 19281982-2640123, é uma espécie de sósia do nosso Sol. Tem a mesma temperatura, raio e brilho de nossa estrela. A fonte do sinal Wow! poderia estar em suas proximidades. Por que não ao lado de um exoplaneta que ele poderia hospedar? E, se é, de fato, uma civilização inteligente, qual a garantia que eles já não se extinguiram?
Embora os organismos vivos possam existir em uma grande variedade de ambientes ao redor de estrelas bem diferentes da nossa, Caballero escolheu se concentrar em estrelas semelhantes ao Sol porque “estamos à procura da vida como a conhecemos”. Ele acredita que poderia ser uma boa ideia procurar [na estrela] por planetas habitáveis, e até mesmo por civilizações.
Ao portal Live Science, Rebecca Charbonneau, historiadora que estuda SETI no Centro Astrofísico Harvard-Smithsonian Center for Astrophysics, disse que “isto vale perfeitamente a pena porque queremos apontar nossos instrumentos na direção das coisas que achamos interessantes. “Há bilhões de estrelas na galáxia, e temos que descobrir alguma forma de estreitá-las”, acrescentou ela.
A pesquisa independente ainda precisa ser verificada por pares. Até lá, a hipotese ficará no preprint do ArXiv.