Astrônomo amador encontra nova mancha em Júpiter

Felipe Miranda
O 'Clyde's Spot', circulado em vermelho. (Créditos da imagem: NASA)

As grandes manchas de Júpiter são muito bonitas. Uma arte gerada pelo acaso do universo que se parece com as pinturas de Van Gogh. Cada mancha é uma tempestade, e um astrônomo amador encontrou uma nova mancha em Júpiter.

A primeira observação foi feita no dia 31 de maio pelo diretor da Sociedade Astronômica da África do Sul (ASSA), Clyde Foster. Por ora, a mancha foi apelidada de Clyde’s Spot (pode ser traduzido como Mancha de Clyde, ou Ponto de Clyde).

Ele a encontrou quando observava  o planeta com o seu telescópio, e notou um ponto brilhante que surgia ao utilizar um filtro sensível a alguns gases da atmosfera jupiteriana. 

Curiosamente, algumas horas antes, astrônomos da Austrália haviam feito algumas fotografias de Júpiter, e nelas não havia nenhum ponto brilhante diferente, nem alguma tempestade ainda não identificada. 

Apenas alguns dias depois, no dia 2 de junho, a sonda Juno, enviada em 2011 pela NASA para coletar dados do gigante gasoso de uma forma bastante aprofundada, realizou seu 27° sobrevoo pelo planeta.

Por coincidência, o sobrevoo era próximo o suficiente da nova mancha, e a espaçonave pode obter uma visão bem detalhada da Clyde’s Spot. As imagens feitas foram enviadas para os astrônomos.

É uma coincidência bastante interessante, já que a sonda estava em uma órbita bastante alongada – um período de cerca de 53 dias. Por isso, apenas uma pequena área do planeta pode ser captada em cada sobrevoo.]

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O ponto localizado por Clyde Foster. (Créditos da imagem: Clyde Foster)

Do que se trata a nova mancha em Júpiter?

É apenas mais uma de muitas tempestades na turbulenta atmosfera de Júpiter. O ponto representa uma pluma de gás, ou seja, uma coluna de gás que entrou em erupção em uma camada alta das nuvens.

É bastante incomum que o fenômeno ocorra na região em que ela foi encontrada, a região temperada sul. Comumente, ela ocorre nas proximidades do equador do planeta Júpiter.

Apesar de não ser muito comum na região, não se trata de uma aberração, mas apenas mais um caso. Dois anos atrás, em fevereiro de 2018, um brilho de mesma origem surgiu nesta região.

Essa erupção é chamada de ‘surto convectivo’, pelo movimento de convecção que as massas formam. Elas são detectadas nos mesmo comprimentos de ondas de luz que o gás metano.

No dia 25 de julho de 2020 a Juno fará outro sobrevoo, mas desta vez mais aproximado e centralizado, e poderemos comparar e observar a evolução da tempestade.

Tempestades de Júpiter

Você não gostaria de presenciar uma tempestade no planeta. Se você pensa que os furacões na Terra são grandes e fortes, é porque nunca procurou saber sobre os furacões de Júpiter.

A bonita e famosa mancha, conhecida como Grande Mancha Vermelha de Júpiter nada mais é do que um ciclone muito grande – mas realmente muito grande. Ele é maior do que a Terra.

No passado, a mancha teve o dobro do diâmetro da Terra, mas sofreu uma drástica redução em 2014, obtendo o tamanho equivalente a um pouco mais do diâmetro de apenas um planeta Terra.

Mesmo assim, a tempestade, que já dura alguns séculos (isso mesmo, séculos), não passa despercebida, e continua com o seu título de maior tempestade de todo o sistema solar.

Com informações de Gizmodo, NASA e ASSA.

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