Uma figura anônima devolveu os cadernos perdidos de Darwin, que não eram vistos há mais de duas décadas. Os objetos foram devolvidos numa sacola de presentes rosa, deixada na Cambridge University Library.
Charles Darwin, famoso por sua teoria da evolução por seleção natural, era um escritor prolífico. A biblioteca da universidade britânica contém um arquivo imenso voltado a Darwin, que incluía um par de pequenos cadernos conhecidos como os cadernos da Árvore da Vida.
Eles se perderam duas décadas atrás, e somente agora reapareceram. Os cadernos receberam esse apelido devido ao desenho a mão feito por Darwin em 1837, do seu conceito da Árvore da Vida, que exibe uma árvore ramificada representando uma metáfora para suas ideias acerca da evolução.
A ilustração é ao mesmo tempo simples e revolucionária.
“Eles podem ser pequenos, do tamanho de cartões postais, mas o impacto dos cadernos na história da ciência, e sua importância para nossa coleção de classe mundial [de alto valor], não pode ser subestimada”, disse a bibliotecária Jessica Gardner.
Os cadernos perdidos de Darwin
Darwin encheu os cadernos com ideias após o retorno da sua viagem ao redor do mundo, desenvolvendo ideias que posteriormente floresceriam no seu trabalho sobre evolução, “A Origem das Espécies”.
Gardner afirmou que sua sensação de alívio após o reaparecimento dos livros foi “profunda e quase impossível de se expressar adequadamente”.
Os cadernos perdidos de Darwin, agora achados, estão em boas condições, e foram acompanhados de uma mensagem impressa que dizia: “Bibliotecária, feliz páscoa. X”. A identidade de quem devolveu permanece desconhecida.
Os cadernos foram perdidos após serem removidos de uma sala em 2000, para que fossem fotografados. O projeto de fotografia foi finalizado, mas uma checagem de rotina em 2001 descobriu que os cadernos não estavam onde deveriam.
De início, os bibliotecários pensaram que os cadernos poderiam estar em um lugar errado do arquivo. Contudo, diversas buscas não resultaram em nada.
Uma nova busca em 2020 se aprofundou nas 189 caixas do Arquivo Darwin, mas ainda assim, mesmo com a ajuda de especialistas nacionais em roubo e recuperação de patrimônios culturais, a conclusão foi de que os objetos tinham sido roubados, segundo a bibliotecária.
Gardner não achava que veria os cadernos em vida novamente, e teve que esperar cinco dias até a polícia permitir a retirada do plástico filme que embrulhava o pacote. Diversos especialistas então analisaram os objetos, confirmando que eram, de fato, verdadeiros.
“Os cadernos agora podem reocupar o seu lugar de direito ao lado do resto do Arquivo Darwin em Cambridge, no coração do patrimônio cultural e científico nacional, ao lado dos arquivos de Sir Isaac Newton e do Professor Stephen Hawking”, disse ela.
A polícia considera que a investigação ainda está em aberto, e se interessa em quaisquer pistas sobre quem esteve na possessão dos objetos ao longo de todos esses anos.
Para celebrar o retorno dos cadernos perdidos de Darwin, eles ficarão disponíveis em exposição pública no dia 9 de julho, numa exibição chamada Darwin in Conversation, que vai visitar a Biblioteca Pública de Nova Iorque em 2023.
A Cambridge University Library aprimorou seus sistemas e protocolos de segurança nas duas décadas em que os cadernos ficaram perdidos, então pode se esperar que agora eles permanecerão onde devem.