Mercúrio

Jônatas Ribeiro
Imagem: NASA/Johns Hopkins University Applied Physics Laboratory/Arizona State University/Carnegie Institution of Washington

Mercúrio é o primeiro planeta do Sistema Solar em termos da distância ao Sol. Isto é, é o primeiro também entre os planetas rochosos, vindo, na ordem, antes de Vênus, Terra e Marte. Também é o menor de todos os 8 planetas em diâmetro, com cerca de 4880 km, sendo menor que os maiores satélites naturais do Sistema Solar, Ganimedes e Titã. Apesar disso, é mais massivo que as luas, com massa de 3.3 x 10^23 kg, número correspondente a um 3.3 seguido de 23 zeros.

Também é o planeta com o menor período, que é o tempo necessário para percorrer uma órbita completa ao redor de nossa estrela, levando quase 88 dias terrestres para fazê-lo. Ou seja, só por essas características, Mercúrio já seria um planeta único entre os seus. Porém, há ainda mais curiosidades intrigantes sobre o vizinho mais próximo do Sol.

Mercúrio ao longo da história

mercúrio em fase crescente
Imagem: NASA/JHUAPL/CIW

Os antigos já conheciam Mercúrio há tempos. Seu nome vem do deus Mercúrio, equivalente romano de Hermes, o veloz mensageiro do Olimpo, considerando que os povos da época já estavam atentos ao rápido movimento do planeta pelo céu. Visível somente próximo ao nascer e pôr do sol, os gregos o conheciam, na verdade, como dois corpos diferentes, só percebendo depois de um certo tempo que se tratava do mesmo planeta. Na verdade, as observações de Mercúrio datam até mesmo de povos ainda mais antigos, como os assírios e babilônios e civilizações da China e Índia, embora com nomes e concepções mitológicas diferentes.

As primeiras observações por telescópio, contudo, foram feitas no século XVII, pelo primeiro a apontar tal instrumento para os céus: o italiano Galileu Galileu. Infelizmente, a resolução não foi suficiente para avistar as fases de Mercúrio, semelhantes às da Lua (também presentes nas observações de Vênus). Pouco tempo depois, porém, outros cientistas puderam observar o trânsito, isto é, a passagem do planeta, pelo Sol, em uma data anteriormente prevista por Johannes Kepler, e as fases. Essas novas informações permitiram concluir que Mercúrio, de fato, orbitava em torno do Sol, e não da Terra.

A proximidade em relação ao Sol fez com que o planeta fosse um dos mais difíceis de ser estudados no Sistema Solar. Ainda assim, a partir do século XIX, foram documentadas as primeiras observações da superfície de Mercúrio. E no século XX, descobriu-se que a rotação e translação do objeto têm proporção definida, de 3:2 (3 rotações para cada 2 translações).

Além disso, sabe-se hoje que a inclinação de sua órbita é a menor no Sistema Solar (cerca de 1/30 de grau) e a excentricidade da mesma, isto é, o quanto a órbita se aproxima de uma elipse e se distancia de um círculo, é a maior, sendo a distância no periélio, o ponto de maior aproximação com o Sol, cerca de 2/3 da distância no afélio, que é o ponto de maior distanciamento à estrela central.

Estrutura, temperatura e magnetismo

magnetosfera de mercúrio
Imagem: JHU/APL

A estrutura de Mercúrio tem uma crosta sólida composta de silicatos, acima de um manto que, por sua vez, circunda um núcleo externo de sulfeto de ferro. Seguindo para dentro do planeta, há outra camada líquida mais interna e, finalmente, um núcleo interno sólido. A densidade do planeta é a segunda maior do Sistema Solar, de 5.43 g/cm3, somente um pouco menor do que a da Terra. Pensa-se que o núcleo de Mercúrio ocupa mais de 50% de seu volume e tem maior abundância de ferro do que em outros planetas, o que instigou a curiosidade de astrônomos e gerou a proposição de diferentes teorias sobre sua formação.

Já a superfície de Mercúrio é bastante similar à da Lua, com grande presença de mares (grandes planícies basálticas) e crateras, o que indica sua inatividade geológica desde bilhões de anos atrás. Apesar disso, o terreno é considerado mais heterogêneo do que na Lua ou em Marte. A história de Mercúrio também foi marcada por frequentes impactos de cometas e asteroides já durante sua formação.

A temperatura de superfície de Mercúrio oscila entre extremos, variando de cerca de -170 ºC a 420 ºC, devido à ausência de atmosfera para retenção de calor, sua proximidade ao Sol e sua rotação lenta (aproximadamente 59 dias terrestres), que, na prática, acaba criando um lado “claro” e “escuro” por boa parte do ano mercurial. Apesar de tudo, o pequeno planeta tem um campo magnético relevante, mesmo tendo cerca de 1% da intensidade do campo da Terra. Ele, de fato, é intenso o suficiente para desviar partículas dos ventos solares, criando uma magnetosfera ao seu redor, parcialmente similar à do nosso planeta.

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