Esponjas de louça são o lar perfeito para cultivo de bactérias

Dominic Albuquerque

Esponjas de louça são o lar ideal para cultivo de bactérias, segundo pesquisadores. Os cientistas fizeram estudos na Universidade Duke, descobrindo um fato curioso: nossas esponjas de louça são melhores como incubadoras de bactérias do que uma placa de petri laboratorial. E elas podem incubar uma grande diversidade dessas comunidades microbianas.

Mas isso não depende apenas dos restos deixados na esponja, como também da sua estrutura em si.

Numa série de experimentos, publicados na revista Nature Chemical Biology,  os cientistas demonstram como diferentes espécies de micróbios podem afetar as populações umas das outras de acordo com fatores do ambiente estrutural onde se encontram, como seu tamanho e complexidade.

“Bactérias são exatamente como as pessoas durante a pandemia – algumas acham difícil ficarem isoladas, outros progridem assim”, disse o professor de engenharia biomédica, Lingchong You, numa declaração. “Nós demonstramos que numa comunidade complexa que contém ambas as interações positivas e negativas entre espécies, há uma quantidade média de integração que irá maximizar a coexistência geral”.

esponjas de louça

O estudo com as esponjas de louça

Laboratórios que cultivam bactérias normalmente focam em apenas uma cepa, torcendo para que a quantidade certa de comida, calor e luz sejam o suficiente para seu propósito. Para algumas espécies, isso funciona. Outras, contudo, prosperam quando estão rodeadas por um arranjo complexo de diferentes formas de vida.

O solo funciona excepcionalmente bem para ambos os tipos, devido às centenas de milhões de anos que as bactérias tiveram para se adaptar a ele. Raízes de plantas, assim como o intestino humano, ambos dependentes de comunidades saudáveis de micróbios, são semelhantes ao solo no quesito de possuírem espaços adequados para o crescimento das bactérias.

O estudo indicou que esponjas conseguem imitar essa estrutura muito bem.

Os pesquisadores criaram um meio líquido contendo muitas cepas de E. coli e as espalharam em placas de laboratório contendo espaços de diferentes tamanhos para elas crescerem. Esses espaços, ou poços, variaram entre seis espaços largos contendo bactérias que iriam interagir entre si, e outros 1.536 minúsculos, onde cada cepa poderia ficar sozinha.

Foi assim que encontraram a zona intermediária de crescimento maximizado.

Structured Microbe Community2 2
Essas diferentes espécies de bactéria — cada uma projetada para brilhar numa cor diferente, visando o rastreamento do crescimento — estão crescendo harmoniosamente umas com as outras devido ao ambiente estruturado em que se encontram.

“A porção pequena realmente prejudica as espécies que dependem de interações com outras espécies para sobreviver, enquanto as largas eliminam os membros que sofrem com essas interações (os solitários)”, You disse. “Mas a porção intermediária permitiu uma diversidade máxima de sobreviventes na comunidade microbiana”.

Segundo You, os resultados criam uma estrutura para pesquisadores trabalhando com comunidades diversas de bactérias começarem a testar quais estruturas de ambiente funcionam melhor para seus objetivos. Eles também indicam o motivo de esponjas de louça serem um habitat tão útil para micróbios: elas imitam os diferentes graus de separação de um solo saudável.

Assim, proporcionam diferentes níveis de separação, combinado com diferentes tamanhos de espaços de uso comum para as bactérias.

Buscando provar esse ponto, os cientistas realizaram o mesmo experimento das placas de laboratório com uma esponja de louça comum. O resultado mostrou que a esponja é uma incubadora de micróbios diversos ainda melhor que qualquer equipamento laboratorial que tenham usado.

“Como se vê, uma esponja é uma maneira realmente simples de implementar múltiplos níveis de espaços para melhorar a comunidade geral de micróbios”, You disse. “Talvez por isso seja algo realmente sujo – a estrutura da esponja simplesmente forma o lar perfeito para micróbios”.

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