As baratas são comumente noturnas e possuem antenas para guiá-las, mas pesquisadores encontraram uma barata antiga com olhos gigantes muito bem preservada em âmbar e resolveram estudar as suas características. Após investigações sobre os achados, os resultados constam na revista The Science of Nature.
A descoberta da barata antiga com olhos gigantes:
Os pesquisadores já sabiam da existência dessa barata única, agora extinta, de nome científico Huablattula hui. No entanto, até então, nunca analisaram tão detalhadamente os olhos desse inseto. “O espécime de barata foi notavelmente bem preservado e mostrou muitas características morfológicas em detalhes”, explicou Ryo Taniguchi, autor principal do artigo, ao Live Science.
Tradicionalmente, os animais usam órgãos sensoriais para compreender o meio ao seu redor, seja buscando comida ou evitando predadores. Além disso, cada um desses “apetrechos” é especializado com base no estilo de vida animal. Contudo, quando se trata de espécies extintas, é mais complexo estudar suas antenas, olhos e outros, uma vez que não fossilizam bem. “Órgãos de insetos raramente são preservados em sedimentos porque são muito pequenos e frágeis”, disse Taniguchi.
Dessa forma, os pesquisadores utilizam material fóssil preservado através do âmbar, que garante maior preservação. Sendo que este foi o caso da barata antiga com olhos gigantes. Há cerca de 100 mil anos atrás, ainda no período Cretáceo, o inseto macho analisado ficou preso, morreu na resina da árvore e, por fim, formou o âmbar.
Como ocorreu a avaliação dos órgãos sensoriais?
Taniguchi e seus colegas usaram um conjunto de técnicas para avaliar os olhos da barata em âmbar. Sendo elas, fotografia e micro tomografia computadorizada. Além disso, também utilizaram a técnica de cortes finos, na qual realizaram fatias do âmbar com apenas 200 micrômetros de largura, pouco maior que a largura de um fio de cabelo.
Os estudiosos encontraram os olhos bem desenvolvidos e algumas partes de “sensores de toque” presentes nas antenas. “Essas linhas de evidências morfológicas em órgãos sensoriais indicam que esta espécie dependia do sistema visual em seu comportamento, como procurar comida e encontrar predadores”, disse Taniguchi. Portanto, é mais provável que esse se comportasse como os louva-a-deus modernos, do que com as baratas atuais.
Por fim, a descoberta sugere que as baratas podem ter sido muito mais ecologicamente diversas no passado do que são hoje. Além disso, provavelmente a barata do período Cretáceo foi extinta por competição com outros insetos e garantiu a ascensão das baratas atuais.
No futuro, Taniguchi também espera mais desenvolvimento e estudos sobre esse tipo de “paleoneurobiologia”, ou sobre o conhecimento das características neurológicas, como os minúsculos órgãos sensoriais dos insetos.