Esta planta pode viver mais de 1.000 anos em ambiente árido

Mateus Marchetto
Imagem: Robert Klaus/ Pixabay

Um deserto pode não parecer um ambiente interessante para uma vida longeva. Ainda assim, no árido Deserto do Namibe, vive uma planta com as folhas mais antigas do mundo. A Welwitschia mirabilis pode passar dos 1000 anos de idade, e agora estudos da genética da planta podem indicar o porquê.

Uma equipe de pesquisadores publicou, no dia 12 de julho, uma análise genética bastante completa do DNA da Welwitschia mirabilis e de outra planta, Gnetum montanum. Todavia, a W. mirabilis é a única espécie restante da sua família, relacionada de forma mais distante com a G. montanum. Ainda assim as plantas são aparentadas, fornecendo uma boa fonte de comparação.

Acontece que a pesquisa revelou dois eventos principais que podem ter levado a alterações no genoma da W. mirabilis que contribuíram para a sua longevidade.

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Imagem: NheliaPixabay 

Primeiramente, há mais ou menos 86 milhões de anos, um erro na divisão celular causou a formação de um genoma duplicado na planta. Isso, de acordo com a pesquisa, pode ter selecionado plantas que evoluíram um genoma mais econômico, em termos de energia. Isso porque manter um genoma duas vezes maior custa, teoricamente, duas vezes mais energia para uma célula.

O segundo evento teve uma relação profunda com os retrotransposons. Esses pedaços de material genético podem se movimentar ao longo do genoma e, em geral, não codificam funções importantes das células. Acontece que há 2 milhões de anos, as W. mirabilis passaram por uma explosão de retrotransposons no seu genoma. Isso, também, aumentou drasticamente a necessidade de uma genética que gastasse pouca energia.

Genética low-cost das plantas milenares

Ambos os eventos citados acima, de acordo com os cientistas, aconteceram por mudanças drásticas no ambiente. Há 86 milhões de anos estava acontecendo a formação do próprio Deserto do Namibe, o que forçou as espécies a adaptações a ambientes secos.

Há dois milhões de anos, ademais, a Terra entrou em um processo de aumento de ambientes áridos. Mais uma vez, isso criou uma pressão seletiva alta sobre organismos do deserto.

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Apesar da aparência, estas plantas têm apenas duas folhas que se desfiam e criam este padrão ramificado. Imagem: Conchi RevueltoPixabay 

De acordo com a pesquisa, por conseguinte, a duplicação genética e a explosão dos retrotransposons destas plantas acontecera, na verdade, por causa destes eventos de desertificação extrema.

Mais uma vez isso forçou a espécie a passar por novas adaptações que envolveram a evolução de um material genético que gasta pouquíssima energia das suas células. Ademais, o genoma destas plantas é bastante pobre em citosina e guanina ( o C e o G do DNA). Como estes dois nucleotídeos têm mais nitrogênio em sua composição, isso também faz sentido para a economia de energia e nutrientes.

O artigo está disponível no periódico Nature Communications.

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