Pesquisadores acabam de encontrar, perto de Buenos Aires, fósseis do maior morcego vampiro que já existiu. É fato que os 50cm de envergadura e as 60 gramas do bicho podem parecer um click bait. Contudo, esse vampiro é muito maior que todos seus primos ainda vivos e outros já extintos.
Datando de aproximadamente 100.000 anos de idade, esse morcego, da espécie Desmodus draculae, viveu durante o período Pleistoceno – o pico do desenvolvimento da megafauna.
Na verdade, aliás, essa não é a primeira identificação de um morcego vampiro dessa espécie. Os extintos D. draculae – que receberam esse nome em homenagem à história fictícia do Drácula – receberam um registro pela primeira vez em 1988, quando pesquisadores encontraram o primeiro fóssil na Venezuela.
Em comparação a morcegos vampiros contemporâneos, o vampirão pré-histórico era, em média, 30% maior que seus parentes vivos hoje, como o Desmodus rotundus, a mais famosa das três espécies de morcegos hematófagos existentes no mundo. Assim como seus ancestrais mais crescidos, os D. rotundus habitam as Américas, principalmente a América do Sul e Central.
Esses morcegos hoje dependem de sangue para a sua alimentação, assim como seus ancestrais. A diferença é que um morcego vampiro moderno tem alvos diferentes daqueles do Pleistoceno. Enquanto um D. rotundus suga o sangue de bovinos e mamíferos de médio porte (às vezes humanos), os D. draculae se alimentavam do sangue de ursos-das-cavernas, mamutes e, claro, preguiças gigantes.
Morcego vampiro de preguiças
O fóssil encontrado na Argentina, por conseguinte, estava dentro de uma caverna na cidade de Miramar, na Argentina. De acordo com os pesquisadores responsáveis pela pesquisa, a caverna provavelmente foi o lar aconchegante de uma das espécies mais fascinantes do Pleistoceno, as preguiças gigantes. Esses mamíferos são ancestrais extintos das preguiças atuais que podiam passar facilmente do tamanho de um urso.
Com uma maior disponibilidade de sangue, visto que os mamíferos pré-históricos eram maiores nessa época, o morcego vampiro conseguiu atingir tamanhos impressionantes para o gênero.
Vale ressaltar que esses animais não causam, em geral, problemas ao ser humano ou a animais – diferentemente do que se espera de um vampiro. Na verdade eles sugam o sangue de animais de forma indolor e, muitas vezes, sem incômodo. Um problema, contudo, é a transmissão de possíveis viroses e bacterioses. A maior delas que pode ter transmissão por morcegos hematófagos é a raiva.
Todavia, isso não quer dizer que todo morcego vampiro carregue doenças e vale ressaltar que o contato destes animais com seres humanos e animais domesticados acontece unicamente pela destruição de hábitats naturais destes bichos.
O artigo está disponível no periódico Ameghiniana.