Os seres humanos nunca encontraram com um dinossauro vivo. Todavia, nossos ancestrais mamíferos viveram desde os primórdios da era dos dinossauros, nos períodos Triássico, Jurássico e Cretáceo. Por isso muitas pesquisas sugerem que os dinossauros limitaram a expansão e evolução dos mamíferos por milhões de anos. Contudo, um novo estudo mostra que as coisas podem ter sido diferentes.
De acordo com a pesquisa dos cientistas da Universidade de Oxford, na verdade podem ter sido os próprios mamíferos que evitaram a evolução da nossa classe como conhecemos hoje. Todavia, foi um outro grupo de mamíferos, já extinto: os mammaliaformes.
Esses animais eram pequenos em comparação à maioria dos dinossauros, atingindo em geral o tamanho de um texugo. Todavia, o grupo era muito diverso, com diferentes estratégias de alimentação e sobrevivência. Alguns até se alimentavam de filhotes de dinos, como um fóssil de um Repenomamus indica.
Acontece que os mamíferos da subclasse Theria, que inclui marsupiais e placentários, também já existiam durante a época dos dinossauros. Contudo, a nova pesquisa mostra que os mammaliaformes acabaram se diversificando tanto que faltaram recursos para os marsupiais e placentários.
Isso, portanto, pode ter limitado a expansão da classe Theria, até que o meteoro acabou com a festa dos dinossauros e de boa parte dos mammaliaformes.
“Havia toneladas de espécies diferentes de mamíferos na [era] Mesozoica, então é hora de passar dessa ideia de que os dinossauros seguraram os mamíferos”, afirma Elsa Panciroli, co-autora do estudo, ao Smithsonian Magazine.
Extinção para os dinossauros, oportunidade para nossos ancestrais mamíferos
À época da queda do meteoro que causou a extinção do Cretáceo, os marsupiais e placentários eram bastante pequenos e menos abundantes. Esses bichos eram parecidos com os roedores que conhecemos hoje, com hábitos noturnos e esquivos. Justamente por isso, animais da subclasse Theria conseguiram se esconder em tocas subterrâneas e cavernas durante a explosão do meteoro.
Já os mammaliaformes – aqueles que não acabaram imediatamente mortos – não duraram muito nos ecossistemas terrestres. 75% de todas as espécies de animais acabaram sumindo por essa extinção. Ainda assim, os 25% compostos de pequenos animais conseguiram repovoar o planeta e dar origem à diversidade que temos hoje.
Ao longo dos últimos anos, ademais, pesquisas vêm sugerindo que a relação entre mamíferos e dinossauros não foi exatamente a dominância que imaginávamos. Todavia, a pesquisa, publicada no jornal Current Biology, é uma das primeiras evidências estatísticas sólidas deste pensamento.
O artigo está disponível no periódico Current Biology.