Encélado, uma das 82 luas de Saturno, possui um oceano global congelado. Contudo, abaixo da crosta de gelo provavelmente o oceano se mantém líquido, talvez por atividade geotérmica. Nesse sentido, pesquisadores detectaram níveis de metano na atmosfera da lua que podem indicar a presença de fumarolas térmicas e, consequentemente, vida.
Antes de se espatifar no solo de Titã, a sonda Cassini registrou todas as imagens possíveis de Saturno e suas luas. Contudo, um novo estudo mostra que a quantidade de metano presente em Encélado é maior do que seria o esperado normalmente. Ademais, a sonda detectou di-hidrogênio e gás carbônico na lua – ambos subprodutos da metanogênese por microrganismos.
De acordo com os cientistas, a quantidade anormal de metano pode indicar a presença de chaminés geotérmicas no fundo do oceano. Estas estruturas existem também na Terra e acredita-se que a vida pode ter-se originado aqui a partir delas. O que a chaminé faz é transportar nutrientes minerais, calor e gases (como o metano) do interior da crosta para o oceano.
Esse processo é um hotspot para o surgimento da vida pois existem certos microrganismos que conseguem produzir energia a partir do metano: as árqueas. Estes micróbios são unicelulares e extremófilos, ou seja, podem viver em ambientes muito quentes, ácidos ou secos. Assim, a existência destas chaminés em Encélado pode abrir portas também para a existência destes microrganismos lá.
Metano não necessariamente biológico
Apesar das observações serem animadores, os pesquisadores ressaltam que não é possível ainda concluir que exista vida fora da Terra. De acordo com os autores, o objetivo do estudo é apenas compreender se há chaminés em Encélado e como elas funcionam.
A pesquisa mostra ainda que todo este metano pode ter origens que não necessariamente beneficiem o surgimento da vida. Esse metano pode ter ficado preso nos oceanos, por exemplo, durante a formação da lua. Outra hipótese é que ele esteja se formando pela quebra de outras moléculas orgânicas. Todavia, ainda não há evidências para tanto.
A real conclusão da pesquisa provavelmente ainda deve levar alguns anos, até que haja tecnologia para se explorar o fundo dos oceanos fora da Terra. Ainda assim, equipes de pesquisa devem seguir na busca por chaminés geotérmicas no nosso sistema solar.
A pesquisa está disponível no periódico Nature Astronomy.