Conheça essa nova e curiosa espécie descoberta no oceano profundo

Mateus Marchetto
Zoom em alta definição da nova espécie de ctenóforo descoberta próximo à costa de Porto Rico. (Imagem por NOAA)

Os ctenóforos são animais bastante curiosos. Esses bichos, chamados inclusive de água-viva-de-pente, têm um formato arredondado, vivem em águas profundas e são, não obstante, bioluminescentes. Contudo, os ctenóforos não são águas-vivas. De uma forma ou de outra, fato é que cientistas acabam de descobrir uma espécie completamente nova desses animais peculiares.

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(Créditos: NOAA)

O bicho foi identificado unicamente por imagens de alta definição de um submarino robô. Ademais, isso torna essa descoberta a primeira de uma nova espécie observada completamente por imagens em vídeo. O veículo submarino remoto Deep Discoverer registrou o animal pela primeira vez no ano de 2015. No entanto, a descoberta só foi confirmada agora. Isso porque a identificação de espécies sem um exemplar físico é muito mais difícil.

Na época o submarino estava explorando uma área a mais de 40 km de distância da costa de Porto Rico. Na mesma região os pesquisadores da NOAA observaram remotamente 3 animais da mesma espécies, em locais diferentes. Assim como outros tipos de água-viva-de-pente habita regiões profundas. Essa nova espécie, inclusive, foi observada a aproximadamente 4.000 metros de profundidade.

Tecnologia de exploração remota

O fundo do oceano é muito difícil de se explorar. Isso porque a cada 10 metros de profundidade no oceano, a pressão aumenta em cerca de uma atmosfera. Ou seja, a 100 metros de profundidade, a pressão fica em torno de dez vezes maior do que seria a nível do mar. Isso faz com que só equipamentos muito resistentes e sofisticados cheguem inteiros a altas profundidades.

Mergulhadores, por exemplo, precisam ainda tomar cuidado com os níveis de oxigênio e possíveis bolhas de nitrogênio no sangue durante um mergulho. Mesmo submarinos sofisticados precisam retornar à superfície de tempos em tempos e também têm profundidades máximas.

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(Imagem de tuturgires por Pixabay)

Portanto, a melhor alternativa para explorar o oceano até agora têm sido os submarinos robôs. Basicamente, um robô equipado com câmeras e outros equipamentos afunda no mar para explorar profundidades muito grandes. Para facilitar o trabalho, esses robôs possuem controles à distância, mais ou menos como o controle remoto de um drone. A descoberta do novo ctenóforo, aliás foi feita por um pesquisador que estava na costa de Porto Rico controlando o robô, e não no barco que acompanha o submarino.

Esse tipo de tecnologia permite que os gastos caiam drasticamente. Nesse sentido, isso beneficia a exploração de águas profundas e também aumenta a segurança dos pesquisadores – que não precisam mergulhar no oceano para coletar dados. Alguns robôs, inclusive, possuem braços mecânicos e equipamentos do tipo, o que facilita a coleta de material.

Esse tipo de exploração tem sido feita também pelo Smithsonian Ocean Institute que no mês passado descobriu na Austrália dezenas de novas espécies e um recife de corais maior que a Torre Eiffel.

Como é classificada uma nova espécie

De forma geral, muitos estudos diferentes são necessários para identificar uma nova espécie. Acontece que por vezes um animal que parece novo pode ser apenas uma variação de espécies já conhecidas. Para verificar isso, pesquisadores utilizam comparações fisiológicas, anatômicas e principalmente genéticas. Dessa forma é possível estabelecer quando uma nova espécie é descoberta ou não.

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(Imagens por: Joseph F. Ryan e R. Griswold, National Oceanic and Atmospheric Administration)

No caso do ctenóforo descoberto e nomeado Duobrachium sparksae em Porto Rico, o estudo foi muito mais lento justamente pelos cientistas disporem apenas de imagens de vídeo feitas dos animais. Contudo, após enormes esforços foi possível concluir que as imagens se tratavam da descoberta de uma nova espécie.

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