Tardígrados são animais microscópicos capazes de viver em condições extremas, com temperaturas congelantes, exposição à radiação, desidratação e até mesmo no vácuo do espaço. Recentemente, uma nova espécie de tardígrado foi descoberta: os indivíduos brilham em azul quando expostos à luz ultravioleta. Segundo os cientistas, o espécime usa a fluorescência como escudo protetor.
Ainda mais resiliente
Existem cerca de 1300 espécies diferentes dessas criaturas habitando todas as regiões do planeta. O tardígrado em questão possui uma fluorescência natural, que se manifesta em um brilho azul quando expostos à luz ultravioleta. Em um novo estudo, os pesquisadores estão sugerindo que essa fluorescência protege os tardígrados dos níveis de radiação ultravioleta, que podem matar outros microrganismos, como bactérias e vírus.
No novo estudo, os cientistas retiraram essas criaturas do musgo que crescia em uma parede em Bangalore. Com uma lâmpada germicida, os cientistas utilizaram luz ultravioleta para testar a tolerância das criaturas. As primeiras doses eliminaram a maioria dos indivíduos da espécie Hypsibius exemplaris, mas após 24h todos os indivíduos dessa espécie morreram.
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No entanto, um grupo de tardígrados com manchas marrom-avermelhadas conseguiu sobreviver por 30 dias após uma dosagem que mata bactérias e vermes em apenas cinco minutos. Ao aumentar mais ainda a dose, 60% desses tardígrados conseguiu sobreviver por mais 30 dias. Devido à enorme resistência dos animais, os cientistas viram que se tratava de uma nova espécie.
O próximo passo foi utilizar um microscópio de fluorescência invertida, que então fez com que os seres emitissem uma luz azul. Os cientistas então suspeitaram que os pigmentos fluorescentes da pele dos tardígrados poderiam estar ligados à resistência ao ultravioleta. Portanto, eles cobriram indivíduos da espécie Hypsibius exemplaris com os pigmentos dos seres fluorescentes, e mais uma vez os expuseram à lâmpada. O resultado, por fim, foi um “escudo” formado sobre os indivíduos da espécie H. exemplaris, que sobreviveram por quase o dobro do tempo de quando desprotegidos.
Assim, o novo estudo mostra que existe, de fato, uma demonstração de fotoproteção por fluorescência pela nova espécie descoberta. Ou seja, essa fluorescência protege os tardígrados dos níveis de radiação ultravioleta, revelando uma espécie ainda mais resiliente.
Mais sobre essas criaturas
O filo dos tardígrados é fascinante. As criaturas microscópicas são conhecidas por sobreviver a condições extremas, como no vácuo do espaço e em temperaturas de 80ºC negativos, por exemplo. Além disso, essas espécies sobreviveram às cinco maiores extinções em massa que ocorreram na terra.
Esses animais também costumam ser os primeiros seres a colonizar ambientes rigorosos. Por exemplo, quando um vulcão entra em erupção, a lava passa por todo o ecossistema e ele morre. Os tardígrados são então os primeiros animais colonizar o ambiente, se alimentando de micróbios que vivem por ali.
O estudo foi publicado na Biology Letters.