Pertencente ao gênero de plantas Dendrocnide, uma árvore (Dendrocnide excelsa) que vive em meio à floresta tropical do leste da Austrália possui folhas largas e perigosas. Acontece que essa planta possui uma toxina que, ao entrar em contato com a pele humana, fará o indivíduo sentir dor por dias ou meses. Em um artigo recente publicado na Science Advances, os autores relatam uma nova classe molecular de veneno, que provoca a dor ao entrar em contato com a pele.
Um toque nessa planta pode ser fatal?
Durante uma entrevista para o New York Times, Katherine Wu revelou que a molécula de veneno pode causar uma dor semelhante a uma picada de aranha e caramujos, devido aos compostos químicos serem parecidos.
Mesmo sendo 3 diferentes grupos, (árvore gigante, aranhas e caramujos), as toxinas encontradas em todos eles, possuem uma forma de se ligar com as células nervosas, deixando-as confusas. Para os autores da pesquisa, esse mecanismo desenvolvido por estes distintos grupos, podem está correlacionado com o processo evolutivo.
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No caso das aranhas e caramujos, a liberação da toxina pode ser útil no momento em que eles estão tentando imobilizar a sua presa. Assim, ao causar dor em seus inimigos, esses irão ficar vulneráveis, facilitando o ataque. Em relação ao grupo Dendrocnide, essa toxina é liberada como um mecanismo de defesa.
Por mais que os membros da família Urticaceae sejam exuberantes, com seus longos 30 metros de altura, um contato direto com os espinhos encontrados nas folhas pode ser ruim. Para evitar que turistas entrem em contato com essa espécie durante as trilhas na floresta tropical australiana, foram colocadas algumas placas informativas. Acerca de evitar que incidentes venham a acontecer.
É possível bloquear o veneno da árvore gigante?
Para o The conversation, os coautores Irina Vetter, Edward Kalani Gilding e Thomas Durek, contaram que, no momento em que há um contato de segundos entre a pele com as folhas ou o caule, a dor causada perdura dias ou semanas. Quando questionados, os indivíduos que já tiveram essa experiência revelam que, a dor se assemelha como se estivesse tocando no fogo.
Portanto, “a dor então diminui ao longo de horas para uma dor que lembra quando a parte do corpo afetada fica presa na porta de um carro batida. Um estágio final denominado alodínia ocorre durante dias após a picada, durante o qual atividades inócuas, como tomar banho ou coçar a pele afetada, reacendem a dor”.
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Quando analisadas minuciosamente, é possível identificar a presença de pelos na superfície das folhas. Essas estruturas de proteção, agem como agulhas hipodérmicas, e que ao serem tocadas, injetam seu veneno na pele. Assim, esse estudo possui uma grande relevância no que diz respeito as dores sentidas pelos mamíferos ao tocarem em plantas venenosas.
Na pesquisa, foi utilizado uma versão sintética do veneno, a qual foram aplicadas em ratos. No momento em que esses pequenos roedores começavam a coçar ou lamber o local da injeção, era sinal de que o veneno havia começado a agir. Portanto, se descoberto um meio de bloquear a ação dessa substância tóxica encontrada na árvore, a dor poderá ser combatida.
O artigo científico foi publicado na Science Advances. Com informações de Smithsonian Magazine.