Podemos detectar o “cabelo” dos buracos negros pelas ondas gravitacionais

Felipe Miranda
Buraco negro Messier 87. Imagem: Event Horizon Telescope

Talvez os buracos negros não sejam tão negros assim. Eles recebem esse nome pois nem mesmo a luz escapa de lá. Entretanto, já foram demonstradas diversas coisas que saem desses corpos negros, incluindo o “cabelo” dos buracos negros.

Essa é a conclusão que chega uma estudo publicado no arXiv. O estudo ainda não revisado por pares. Formam a dupla a física Lawrence Crowell e o astrofísico Christian Corda

O ponto ‘sem volta’ do buraco negro é o horizonte de eventos. De lá nada escapa, a não ser pela Radiação Hawking. Trata-se de uma ideia proposta por Stephen Hawking em 1974.

Por alguns efeitos quânticos, o buraco negro poderia emitir, a partir do horizonte de eventos, a Radiação Hawking. Acredita-se que alguns deles evaporariam mais do que consomem matéria, os que levaria eles a desaparecer com o tempo. 

O “Cabelo” dos buracos negros

O estudo de Crowell e Corda, diz que esses fios de “cabelo” dos buracos negros poderiam carregar informações. Dessa forma, poderíamos ver o que acontece lá dentro.

Esses fios não foram propostos por eles. Na verdade, eles já existem em algumas previsões teóricas. No entanto, diversos cientistas negam que esses cabelos sejam possíveis.

Um buraco negro é composto de três valores: massa, carga e rotação. Qualquer outra informação seria perdida, segundo o físico John Wheeler, conforme relata o Space.com.

A Radiação Hawking e a perda de informações torna-se um paradoxo. Se a informação entra com a energia, mas a energia sai sem essa informação, o que exatamente aconteceu com a informação?

Encontrando soluções

Já falamos muito aqui sobre ondas gravitacionais. Quando buracos negros colidem, eles liberam ondas gravitacionais, identificadas pelo LIGO e pelo VIRGO, na Terra.

Nesse processo de fusão, ao liberar ondas gravitacionais, esses cabelos poderiam, portanto, ficar excitados. Imagine, por exemplo, seu cabelo quando bate um vento e ele passa a se mover. 

Não é exatamente isso que ocorre, é claro. Mas serve como um paralelo no mundo real. Os cabelos interagiriam com as ondas gravitacionais, podendo ser identificados através desses observatórios.

A geração atual de observatórios poderia não ter tal sensibilidade. No entanto, a ciência e a tecnologia caminham a passos largos, e a próxima geração de observatórios de ondas gravitacionais não devem tardar. 

Um dos projetos mais avançados é o LISA (Laser Interferometer Space Antenna). Em desenvolvimento pela Agência Espacial Europeia, e com apoio da NASA, deve ficar pronto em 2034.

A peculiaridade desse observatório é que ele não será em túneis subterrâneos, como o LIGO e o VIRGO, no entanto. Ele funcionará por meio de três satélites no espaço, utilizando lasers.

O astrofísico Paul Sutter relata, no Space.com, que a descoberta dos “cabelos” dos buraco negros poderia, portanto, significar um grande passo no caminho da Gravidade Quântica. 

A Gravidade Quântica é a possível junção entre a Relatividade Geral, que rege o mundo das coisas grandes, com a Mecânica Quântica, que rege o mundo subatômico. Atualmente ambas são incompatíveis. 

No momento, o que resta é a paciência, assim como sempre foi necessário para o desenvolvimento da ciência. Buracos negros são corpos muito misteriosos e, que podem ser, em breve, desmistificados. 

O estudo foi publicado no repositório arXiv e ainda não foi revisado por pares. Com informações de Space.com.

 

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