Uma mulher acreditava ser uma galinha. Agora sabemos por quê

Felipe Miranda
(Créditos da imagem: Pixabay).

Há um estigma, na sociedade, de que a depressão é tristeza. Não, as pessoas depressivas não estão sempre tristes. Mas há, ainda casos bizarros ligados à depressão, como uma mulher que pensava ser uma galinha.

É possível que pessoas depressivas em níveis mais profundos, acabam desenvolvendo outros transtornos ligados à alucinações, ou fortes pesadelos da vida real, como esquizofrenia, ou pela própria depressão.

Mas os sintomas mais comuns são aqueles clássicos. Não é tristeza infinita, mas baixa auto-estima e humor meio para baixo em excesso podem ser sinais da depressão, claro, combinada a outros diversos sintomas, que só podem ser diagnosticados por um psiquiatra. Os efeitos são muito pessoais. 

Faço um adendo: se você sente, de forma relativamente constante, que sua vida não tem valor, saiba que há muitas pessoas que te amam. Depressão é uma doença tratável. Procure ajuda. Se você não tem a quem recorrer, procure o CVV (Centro de Valorização à Vida) através do site ou pelo número 188.

Vale também, ressaltar, é normal se sentir triste. Não é porque você está para baixo que você tem depressão. Romantizar a depressão é perigoso, e se você acha que possa ter, procure um psiquiatra, mas não tente se “auto-diagnosticar”.

Raridade nesse tipo de depressão psicótica

Pois bem, dentre os casos mais extremos de depressão, uma mulher que pensava ser uma galinha, possivelmente pode se encaixar nessa doença, conforme o The Guardian. Foi possivelmente um caso subnotificado. 

Não é um erro atribuído aos médicos ou algo semelhante, como geralmente ocorre nos casos de subnotificação. Na verdade, o caso foi atribuído à sua confusão, e dificuldade de explicar os sentimentos.

Esse tipo de caso é extremamente raro, com apenas 56 descrições de zoantropia – o nome que se dá -, presentes na literatura médica e científica, todo no período entre 1850 e 2012.

Os outros casos são referentes aos seguintes animais: cão, leão, tigre, hiena, tubarão, crocodilo, sapo, bovino, gato, ganso, rinoceronte, coelho, cavalo, cobra, pássaro, javali, gerbil e até mesmo uma abelha.

A mulher que pensou ser uma galinha

Os pesquisadores, da Katholieke Universiteit Leuven, na Bélgica, que fizeram a descrição, e publicaram no periódico holandês de psiquiatria Tijdschrift voor Psychiatrie.

Isso ocorreu com uma mulher de 54 anos, que não possuía histórico de uso de drogas ilícitas nem lícitas. Ela foi encontrada por seu irmão cacarejando e cantando como se fosse um galo. 

Ela ainda podia falar, no entanto. A mulher descreveu, portanto, aos médicos como era as suas novas sensações, e possuía plena convicção de ser uma galinha, embora ainda se comunicasse também como uma humana.

Ela teve uma convulsão, e após isso, já não se lembrava mais, e já não pensava mais ser uma galinha. Ademais, ela ficou extremamente constrangida com o ocorrido, quando a contaram. 

O diagnóstico, naquele momento, pensava-se que os desvios de comportamento foram causados por um inchaço intracraniano, ou seja, no cérebro, ou no sistema nervoso, principalmente  porque ela se queixou de dores na coluna. 

Ela possuía uma vida normal, e namorava à duas décadas, possuía um emprego estável em uma farmácia. A mulher sofria de depressão desde que perdeu um membro da família, e ela já possuía um histórico familiar. Ela se tratava, e após um ano do ocorrido, ela pôde voltar ao trabalho.

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