Inédito: tubarões brancos vistos atacando uma baleia jubarte viva

Milena Elísios
Pela primeira vez cientistas flagraram tubarões brancos atacando uma baleia jubarte viva. (Imagem: Marine & Freshwater Research)

Não é novidade que tubarões se alimentem de baleias, na verdade, isso é algo bem comum. Mas geralmente acontece quando estes animais encontram carcaças de baleias pelo oceano. O cadáver em decomposição é um banquete para muitos animais, principalmente os grandes tubarões brancos, que geralmente são vistos vasculhando o corpo flutuante.

Mas agora, cientistas descreveram em um artigo na Marine & Freshwater Research, o que vem ser o primeiro relato de tubarões brancos atacando e matando uma baleia jubarte.

Pela primeira vez, tubarões brancos foram vistos atacando uma baleia jubarte viva. (Imagem: Marine & Freshwater Research)
Pela primeira vez, tubarões brancos foram vistos atacando uma baleia jubarte viva. (Imagem: Marine & Freshwater Research)

Baleias jubarte são conhecidas por suas canções mágicas em todos os oceanos, onde se alimentam de krill, plâncton e peixes pequenos. Estes animais podem medir 19 metros e pesar até 40 toneladas, o que significa que elas se tornam um enorme banquete para os tubarões depois que morrem.

A equipe de pesquisa do Instituto de Pesquisa Oceans soube de uma baleia jubarte possivelmente doente em Mossel Bay na África do Sul, e foi averiguar. Chegando lá verificaram que o animal apresentava uma condição corporal emaciada, crista dorsal muito côncava e estava coberta por muitas cracas e piolhos de baleia.

A baleia parecia seriamente doente e estava coberta por muitas cracas e piolhos de baleia. (Imagem: Marine & Freshwater Research)
A baleia parecia seriamente doente e estava coberta por muitas cracas e piolhos de baleia. (Imagem: Marine & Freshwater Research)

Tubarões brancos foram vistos atacando uma baleia jubarte viva pela primeira vez

Os pesquisadores observaram a baleira doente por cerca de trita minutos, até que surgiu uma dupla de tubarões brancos. Os animais que mediam cerca de 3 a 4 metros — segundo análises de imagens — começaram a atacar e devorar a baleia ainda viva.

O primeiro tubarão posicionou seu ataque inicial pela parte traseira da baleia, mirando o flanco esquerdo atrás da barbatana peitoral. No entanto, embora tenha mordido a baleia e uma grande quantidade de sangue tenha sido liberada, imediatamente a soltou e nadou para longe sem remover muita gordura ou músculo. Esperou cerca de 42 minutos para permitir que a baleia perdesse sangue e diminuísse seus padrões de natação antes de morder sob o cabeçote móvel.

Depois o segundo tubarão aproveitou a oportunidade para fazer o mesmo, assustando o tubarão menor. Após essas duas mordidas consecutivas, a baleia ficou muito quieta na superfície até o segundo tubarão bater no focinho. Ela ainda tentou escapar, mergulhando para o fundo, mas sem poder mover a cauda, seu esforço foi em vão. Mais um ataque vindo do mesmo tubarão, o sangue jarrou na água e a baleia já não se movia. Estava morta e logo mais tubarões surgiriam para se alimentar.

Tubarões brancos foram vistos atacando uma baleia jubarte viva pela primeira vez
Tubarões brancos foram vistos atacando uma baleia jubarte viva pela primeira vez. O primeiro tubarão posicionou seu ataque inicial pela parte traseira da baleia, mirando o flanco esquerdo atrás da barbatana peitoral. (Imagem: Marine & Freshwater Research)

Ainda sabemos muito pouco sobre os grandes brancos

O tubarão branco é um animal evasivo, e portanto com muitos segredos de sua história básica de vida ainda sendo descobertos.

Este artigo exibiu comportamentos novos para nós, incluindo evidências da tática de ‘morder e cuspir’, raramente descrita em eventos de alimentação de tubarões brancos. Embora esse tipo de interação entre tubarões brancos e baleias jubarte já tenha existido muito antes de ser avistado, e a baleia viva nesse cenário estivesse doente, ela nos ajuda a melhor compreender as interações raramente observadas entre tubarões brancos e baleias vivas.

O estudo foi publicado na revista Marine & Freshwater Research, clique aqui para acessá-lo.

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