Pesquisadores que investigam a data do assentamento humano na Austrália fizeram uma descoberta incrível. Eles analisaram dados geológicos em relação à tradição oral do povo aborígine local, e foi proposto que uma história aborígine sobre o vulcão Budj Bim, contada por gerações, tem base de fato, e também pode ser a história mais antiga que existe.
A ocupação humana da Austrália “é tema de intenso debate e é fundamental para entender as rotas migratórias globais”, de acordo com um comunicado de imprensa da Sociedade Geológica da América. A falta de evidências arqueológicas significa que apenas 6 sítios datados de 30.000 anos atrás foram definitivamente identificados. No entanto, acredita-se que as primeiras pessoas que se estabeleceram na Austrália chegaram há cerca de 65.000 anos. Uma equipe de especialistas empregou “uma nova abordagem para melhorar a compreensão da ocupação que envolve datar erupções vulcânicas chave”, de acordo com a Sociedade.
O gigante e o vulcão
Segundo o Science Daily, “as fortes tradições orais do povo aborígine australiano permitiram a perpetuação do conhecimento ecológico através de muitas gerações”. Suas tradições têm preservado a memória dos impactos dos meteoros, terremotos, enchentes e vulcões. Os cientistas examinaram uma história que é contada pelo povo Gunditjmara que vive em Victoria, no sudeste da Austrália, sobre vulcões locais como parte do seu estudo.
Os Gunditjmara têm uma história de quatro gigantes que vieram para sua terra natal ancestral. Três permaneceram aqui e um ficou agachado. Segundo a Science, “seu corpo transformou-se em um vulcão chamado Budj Bim, e seus dentes se tornaram a lava que o vulcão cuspiu”. Este vulcão e outros 40 km de distância, Tower Hill, foi formado por um número repentino de erupções há cerca de 37.000 anos.
O vulcão e os primeiros povos
A história do gigante pode se referir à erupção ardente que levou à formação do vulcão. Um arqueólogo da Universidade James Cool, Sean Ulm, que não participou do estudo e é citado pela Science com a seguinte afirmação: “é uma proposta interessante pensar nessas tradições que se estendem por dezenas de milhares de anos”. No entanto, muitos, incluindo Ulm, são cautelosos sobre isso porque duvidam que uma história pudesse ter durado um período de tempo tão longo.
Há algumas evidências materiais que podem apoiar o mito sobre o nascimento do Budj Bim, o vulcão. Na década de 1940, uma ponta de machado de pedra foi encontrada debaixo de algumas rochas vulcânicas. Isto indicava que os humanos estavam na área algum tempo antes do vulcão entrar em erupção. Ninguém tem certeza há quanto tempo os Gunditjmara vivem nesta parte da Austrália, mas se o mito for baseado em eventos reais, isso pode significar que seus ancestrais podem ter vivido aqui por pelo menos 37.000 anos.
Datando vulcões
Erin Matcham, uma geóloga, e seus colegas dataram as rochas vulcânicas onde a ferramenta foi encontrada, algumas do Budj Bim. Eles confirmaram a idade dos vulcões, medindo a decadência radioativa do potássio nas rochas. As rochas também indicam que os vulcões surgiram repentinamente em questão de dias ou semanas, de uma forma um pouco semelhante à história do gigante.
É possível que as erupções repentinas, que sem dúvida impressionaram muito os habitantes locais, os tenham levado a desenvolver uma história para explicar o que tinham testemunhado. Mitos eram tipicamente usados por comunidades antigas para racionalizar fenômenos e eventos. A Science relata Matcham frisando “que sua equipe não está afirmando definitivamente que a história de Gunditjmara é realmente tão antiga”.
A história mais antiga do mundo?
Os pesquisadores acreditam que as histórias aborígines são muito antigas. Elas são baseadas em referências históricas nos mitos, que desde então foram provados pela ciência como tendo ocorrido. No entanto, a história do Gunditjmara seria a mais antiga conhecida atualmente e, portanto, os aborígenes locais têm as “tradições orais mais antigas que existem”, relata a Sociedade.
Tipicamente, os humanos são altamente móveis, mas a exceção são as populações aborígines da Austrália. Há evidências genéticas que mostram que eles frequentemente permaneceram na mesma área por dezenas de milhares de anos. Isto poderia significar que a história do Gunditjmara poderia ter sido contada novamente por milhares de anos e assim preservada por milênios. Membros da comunidade aborígine local acolheram o estudo, pois ele indica a antiguidade, o brilhantismo de sua cultura tradicional e de seus ancestrais.
Escrito por Ed Whelan em Ancient Origins. Direitos reservados.
