Entenda como são feitas as datações de fósseis

Damares Alves

Fósseis não vêm com certidão de nascimento, mas ainda assim eles trazem muitas informações que podem nos ajudar a reconstruir sua trajetória. Muitas pessoas ainda tem dúvidas sobre como são feitas as datações e se elas são concisas, por isso é importante esclarecer como como os cientistas determinam as idades destas estruturas petrificadas. Existem dois métodos principais usados para fazer as datações de fósseis e rochas, são eles a datação relativa e a datação absoluta.

Como são feitas as datação relativas de fósseis

A datação relativa é usada há muito tempo, antes do surgimento dos métodos mais precisos desenvolvidos há algumas décadas. Consiste em se observar a posição das rochas sedimentares. Por exemplo; se uma camada de sedimentos foi datada anteriormente para aproximadamente 200 milhões de anos, então sabemos que o fóssil lá encontrado também tem cerca de 200 milhões de anos. Esse método não oferece uma data numérica, mas nos ajuda a entender em qual período a criatura descoberta viveu.

como são feitas as datações de fósseis
Até hoje os métodos de relativa são amplamente utilizados, devido a sua praticidade e baixo custo. Um deles consiste em verificar a camada de sedimentos em que os fósseis foram encontrados. (Imagem: Damares / Redação SoCientífica)

Até os dias atuais os métodos de datações relativas são usados como uma primeira abordagem para datar fósseis antes de atribuir uma idade numérica ou absoluta.

A datação absoluta

A datação absoluta determina a idade precisa de uma rocha ou fóssil através de métodos de datação radiométrica usando minerais radioativos que são encontrados em rochas e fósseis, eles servem como um relógio biológico. Muitas vezes, as camadas de rochas vulcânicas – rochas vulcânicas normalmente contêm minerais naturalmente radioativos – acima e abaixo das camadas que contêm os fósseis podem ser datadas para fornecer um intervalo de datas para as rochas onde estão os fósseis.

Um feldspato mineral naturalmente radioativo, visto ao microscópio. Minerais radioativos funcionam como relógios naturais que ajudam a fazer as datações de fósseis e rochas. (Erin DiMaggio, Penn State University)
Um feldspato mineral naturalmente radioativo, visto ao microscópio. Minerais radioativos funcionam como relógios naturais que ajudam a fazer as datações de fósseis e rochas. (Erin DiMaggio, Penn State University)

Usando técnicas baseadas no decaimento radioativo de isótopos podemos chegar a idade de um fóssil. Medindo-se a razão entre a quantidade do isótopo original (isótopo pai) e a quantidade dos isótopos em que que ele se divide, (isótopos filhos) a idade do fóssil pode então ser determinada.

A taxa desse decaimento radioativo é chamada meias-vidas. Se um isótopo radioativo tem uma meia-vida de 5.000 anos, isso significa que, depois de 5.000 anos, exatamente metade dele terá decaído do isótopo pai para os isótopos filhos. Depois de outros 5.000 anos, metade do isótopo pai restante terá decaído.

Carbono-14 e potássio-40

Embora as pessoas estejam muito mais familiarizadas com a datação por carbono, ela raramente é aplicável aos fósseis. Isso por que o isótopo radioativo do carbono usado na datação por carbono, tem uma meia-vida de 5730 anos, por isso decai muito rapidamente. Por isso a datação por carbono só pode ser usada para datar fósseis com menos de 50.000 anos. 

Já o potássio-40, tem meia vida de 1,25 bilhão de anos e é comum em rochas e minerais. Isso o torna ideal para datar rochas e fósseis muito mais antigos. Como é o exemplo de um escorpião de 443 milhões de anos, que é considerado o animal terrestre mais antigo já descoberto.

Dois espécimes fósseis de Parioscorpio venator, desenterrados em Wisconsin. Este escorpião foi uma das primeiras formas de vida mais antiga a andar na Terra. (Wendruff et al., Scientific Reports, 2020)
Dois espécimes fósseis de Parioscorpio venator, desenterrados em Wisconsin. Este escorpião foi uma das primeiras formas de vida mais antiga a andar na Terra. (Wendruff et al., Scientific Reports, 2020)

Outros métodos de datações de fósseis

Atualmente os cientistas já tem uma grande quantidade de ferramentas à sua disposição, mas, ainda assim, algumas rochas e fósseis são difíceis de serem datadas. As inovações nos métodos de datação existentes estão eliminando essas barreiras. Por exemplo, as revisões de um método chamado ressonância de rotação eletrônica permitem que os cientistas datem fósseis raros, porque podem datar diretamente o fóssil sem danificar visivelmente a amostra.

Compartilhar