Uma nova análise no esqueleto de um tricerátops sugere que o dinossauro foi apunhalado na cabeça por outro dinossauro da mesma espécie.
O formato único de três chifres na cabeça do tricerátops é um dos principais fatores em torno e sua fama, mas os pesquisadores ainda estão tentando entender como essas criaturas usavam o formato único da sua cabeça ao seu favor.
Os folhos ósseos largos na parte de trás da cabeça do tricerátops frequentemente encontram-se com fraturas e perfurações, o que levou alguns especialistas a sugerir que o herbívoro tinha o costume de lutar com outros da mesma espécie, e até com predadores, como o Tyrannosaurus rex.
Para se proteger disso, o tricerátops pode ter usado os chifres como arma, e o folho como escudo.
Mas há outras explicações.
Alguns especialistas acreditam que as lesões no folho são sinais naturais de envelhecimento, enquanto outros suspeitam que eles possam ser meramente ornamentais, usados para impressionar o sexo oposto, ou intimidar rivais do mesmo sexo.
O que o esqueleto do tricerátops aponta
O esqueleto recebeu o apelido de Big John, e quando foi descoberto, em 2014, os pesquisadores perceberam que seu folho tinha uma perfuração completa.
Colocando o folho sob análise microscópica, os especialistas encontraram evidência de que o tricerátops foi atacado por outro da mesma espécie enquanto estava de costas.
No passado, paleontólogos usaram os ferimentos em folhos ósseos para analisar formas que os tricerátops podiam ter lutado uns contra os outros. Por exemplo, eles poderiam chocar os chifres superiores num combate frontal, ou usar o chifre do nariz como arma.
Contudo, nenhuma dessas opções pode explicar o ferimento em Big John.
“Parece que o ferimento, ao invés, foi infligido por trás de Big John, onde o chifre do seu rival teria penetrado o folho e então escorregado na direção do rostro, dando uma forma de buraco de chave à lesão”, escreveram os autores.
Então, talvez, ao invés do folho defender o corpo do dinossauro de um ataque frontal, esses escudos ósseos serviam para protegê-los por trás.
No caso de Big John, isso certamente foi feito. O dinossauro conseguiu escapar da batalha vivo, mas o ferimento foi tão sério que até quando ele morreu, cerca de seis meses depois, o dinossauro ainda estava se recuperando.
Ou pelo menos são esses os sinais encontrados em seus ossos.
Os especialistas ainda não sabem como os esqueletos dos dinossauros se recuperavam de ferimentos, mas se os autores por trás desse estudo estiverem corretos, poderia ter sido de maneira similar a que nossos ossos se recuperam.
Microanálises do ferimento em Big John em torno do tecido ósseo exibiram poros cheios de vasos sanguíneos. Em mamíferos e aves, isso é um sinal de que um novo osso está se formando. A presença de pequenos buracos no osso também sugere que uma remodelação óssea estava ocorrendo numa parte do folho.
Não se sabe o que de fato matou Big John, mas a preservação do seu folho aponta que ele era um sobrevivente e tanto.
“O estudo confirma a existência de combates intraespecíficos dentre os tricerátops”, concluem os autores.
“Futuras investigações histológicas e microanalíticas em vestígios fósseis com lesões traumáticas vão esclarecer a fisiopatologia óssea desses répteis”.
O estudo foi publicado na Scientific Reports.