Uma vacina personalizada contra o câncer que treina o sistema imunológico para atacar tumores teve resultados encorajadores em mulheres com câncer de ovário.
O câncer de ovário é um dos tipos mais comuns de câncer em mulheres – cerca de 7.300 mulheres no Reino Unido são diagnosticadas com ele a cada ano. A doença muitas vezes não é reconhecida até que já tenha se espalhado, e mesmo após o tratamento bem sucedido, há um alto risco de retorno do câncer. Apenas metade das mulheres diagnosticadas com câncer de ovário sobrevivem por cinco anos ou mais.
As vacinas contra o câncer têm-se mostrado promissoras em testes clínicos, mas poucas no mundo chegaram às clínicas para uso rotineiro. Muitas dessas vacinas são projetadas para treinar células imunes a reconhecer moléculas específicas que estão frequentemente presentes nas células cancerígenas, mas isso pode falhar, pois tumores variam entre pessoas diferentes.
Para contornar este problema, Lana Kandalaft, da Universidade de Lausanne, na Suíça, e sua equipe criaram vacinas personalizadas que são adaptadas para cada tumor individual. Para fazer isso, eles pegam amostras do tumor de uma mulher e matam as células com ácido, o que expõe moléculas que normalmente estão escondidas. Essas células mortas são então misturadas com células do sistema imunológico do sangue da mulher e cultivadas no laboratório por alguns dias antes de serem injetadas de volta nela.
Sobrevivência prolongada
Para testar a segurança dessa abordagem, Kandalaft e seus colegas deram vacinas personalizadas a cinco mulheres com câncer de ovário recorrente. Eles também deram vacinas para 20 outras mulheres com câncer de ovário, em combinação com um ou dois medicamentos quimioterápicos. Essas drogas matam as células cancerígenas, mas também são conhecidas por impulsionar o sistema imunológico.
As mulheres receberam uma dose da vacina a cada três semanas, durante 15 semanas, e depois injeções mensais até que a doença progredisse ou o suprimento de vacina acabasse.
A equipe descobriu que a vacina era segura e desencadeou respostas imunes contra os tumores das mulheres. As mulheres que mostraram respostas imunes mais fortes viveram mais tempo do que as que tinham respostas mais fracas. As mulheres que receberam a vacina juntamente com as duas drogas quimioterápicas mostraram as melhores taxas de sobrevivência – 80% dessas mulheres ainda estavam vivas dois anos depois, em comparação com cerca de 50% das mulheres com estágios semelhantes de câncer que receberam apenas as drogas.
O câncer de ovário se recupera em 85% das mulheres que se submetem à cirurgia, então Kandalaft acredita que uma vacina poderia ser administrada após a cirurgia, para as mulheres em remissão, para reduzir as chances de isso acontecer. Kandalaft diz que os resultados de sua equipe mostram que é importante manter amostras do tumor de uma mulher quando ela é submetida a uma cirurgia, para que uma vacina personalizada possa ser feita.
Referência: Science Translational Medicine, DOI: 10.1126/scitranslmed.aao5931; Fonte primária para a tradução: New Scientist.