Cientista relataram em um novo estudo publicado hoje que o tubarão gigante megalodonte- um dos maiores tubarões dos oceanos – pode ter ficado tão grande graças ao seu comportamento predatório no útero. A ideia surgiu ao analisar os tamanhos e formas de dentes de tubarões modernos e antigos.
Ao utilizar esses dados, foi possível estimar o tamanho do corpo dos peixes.
O paleobiólogo Kenshu Shimada, da Universidade DePaul em Chicago, e seus colegas estudaram uma ordem de tubarões chamados lamniformes.
Ainda existem hoje apenas cerca de 15 espécies, incluindo tubarões-brancos e o tubarão-mako, que são ferozes e rápidos.
Tubarão gigante megalodonte foi único?
Bem mais de 200 espécies lamniformes existiram no passado, algumas delas bem grandes, diz Shimada. Mas acredita-se que nenhum tenha rivalizado com o Otodus megalodon, comumente chamado de megalodonte, que viveu entre cerca de 23 milhões e 2,5 milhões de anos atrás.
Mesmo assim, a determinação do quão gigantes essas criaturas eram é um desafio, porque os esqueletos dos tubarões são feitos de cartilagem, não de osso.
Logo, têm poucos restos de espécies agora extintas, exceto por seus dentes.
São os dentes que são abundantes em registro fóssil: um único tubarão pode perder dezenas de milhares de dentes em sua vida. A princípio, Shimada e seus colegas descobriram que a altura das coroas dos dentes do megalodonteera uma discrepância extrema em seus dados.
As coroas dos dentes sugeriram um comprimento total de pelo menos 14 metros. O dobro do comprimento de qualquer outro tubarão que não seja alimentador de filtro.
Mas quatro outras espécies extintas de lamniformes exibiram “gigantismo”, crescendo a mais de seis metros de comprimento. Não na escala de um megalodonte, mas ainda bem grande, diz Shimada.
O gigantismo também acontece em diversas espécies modernas, incluindo tubarões-brancos, mako e tubarões-raposa.
As chaves do gigantismo
O motivo pelo qual o megalodon e seus parentes seriam tão grandes ainda não está claro. Porém, as espécies lamniformes extintas e modernas que podem atingir esses tamanhos são de sangue quente. Regular a temperatura corporal permite que eles nadem mais rápido e capturem presas com mais energia. Portanto, sangue quente, ou endotermia, pode ser uma das chaves para o gigantismo.
Mas Shimada e seus colegas sentiram que a explicação estava incompleta. Ainda não se sabia por que esse grupo de tubarões em particular podia ter desenvolvido a endotermia que levou ao gigantismo. Então, no novo estudo a equipe sugere que um comportamento exclusivo também pode desempenhar esse papel: um tipo de canibalismo que acontece no útero.
Em geral, os tubarões têm uma estratégia reprodutiva conhecida como ovoviviparidade. Os embriões se desenvolvem dentro de óvulos que ficam dentro de suas mães até que estejam prontos para eclodir.
Só que a ovoviviparidade se torna extrema entre todos os lamniformes e o primeiro filhote de tubarão a eclodir dentro da mãe começa a comer o resto dos ovos, um comportamento chamado de canibalismo intrauterino.
Então, no momento que o tubarão megalodonte nasce, ele já está gigante e pronto para se defender de predadores. Esse comportamento e a combinação com as condições ambientais corretas (temperaturas favoráveis da água e disponibilidade de alimentos) pode possibilitar que os lamniformes cresçam gigantes, disseram os pesquisadores.
O estudo científico foi publicado no periódico Historical Biology.
Matéria atualizada do original de outubro de 2020.