Nunca observamos um tubarão-baleia dar a luz, e ele corre perigo

Felipe Miranda
Tubarão-baleira do Aquário Geórgia. (Créditos da imagem: Wikimedia Commons).

Até hoje ninguém observou um tubarão-baleia dar a luz. O tubarão-baleia é o maior tubarão e maior peixe conhecido em todo o oceano, podendo passar dos 12 metros de comprimento e de 20 toneladas. Ainda há muitos mistérios.

Um peixe relativamente dócil, o tubarão-baleia desafia nossas compreensões e impressões de tubarão. É, de fato, um animal carnívoro, mas não é exatamente uma fera, como se espera do maior tubarão do planeta.

Suas raízes são bastante antigas, remontando aos 70 milhões de anos atrás, e o tubarão chegou a conviver com alguns dinossauros durante um curto período de tempo, antes da extinção em massa, há 65 milhões de anos.

Conhecemos muito pouco dos oceanos, e o pouco que sabemos da espécie é fascinante. Ele permite carona de peixes em sua boca, além da descoberta de animais parecidos com camarões que vivem na boca de um deles.

Cientistas japoneses também descobriram que seus olhos são retráteis, e a superfície do órgão é coberta por estruturas muito semelhantes a dentes, conhecidas como ‘dentículos dérmicos’.

Quando digo que conhecemos pouco do oceano, é realmente muito pouco. Conhecemos melhor a superfície lunar do que os oceanos na Terra – um verdadeiro mundo alienígena do nosso lado.

Enquanto apenas três missões tripuladas, em toda a história, foram ao ponto mais profundo do oceano, a Fossa das Marianas, doze pessoas já pisaram na Lua, durante as diversas missões Apollo.

Reprodução misteriosa

Uma equipe de pesquisadores liderada por Jonathan R Green, diretor do Projeto Tubarão-baleia de Galápagos, se deparou com uma situação bastante inusitada ao estudá-los.

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A beleza de um tubarão-baleia. (Créditos da imagem: Wikimedia Commons).

Eles perceberam que quase todos os tubarões-baleia que aparecem na região de Galápagos eram fêmeas, aparentemente com a barriga inchada, indicando uma possível região de reprodução.

Entretanto, ao realizarem exames de ultrassom, eles notaram que o que havia eram ovos não fertilizados, e os cientistas perceberam que não sabem absolutamente nada sobre a reprodução do animal, e nunca viram um tubarão-baleia dar a luz.

E o fato de não sabermos nada, para ajudarmos de alguma forma, é um grande problema, conforme relata Green ao jornal britânico The Guardian: “Todos os dias há menos deles”.

“Estamos perdendo esses animais a um ritmo sem precedentes na história do planeta Terra, talvez com exceção da extinção em massa do Cretáceo-Terciário do KT, quando os dinossauros foram exterminados”, diz.

Tentativas frustradas

Eles já tentaram com alguns rastreadores e outros equipamentos entender o comportamento do animal, mas sem resultados. “E toda vez que obtemos algum tipo de dado significativo, gera somente uma série de novas perguntas”, diz Green.

Certa vez eles tentaram rastrear uma tubarão chamada de Anne. Ela viajou durante mais de dois anos, percorrendo 20 mil quilômetros, até chegar na Fossa das Marianas, aparentemente sem razão alguma.

“Como você pode criar um plano de conservação informado para um animal, se não sabe como, quando ou onde ele se reproduz?”, questionou ao The Guardian Alistair Dove, do Aquário Geórgia, nos Estados Unidos.

O tubarão-baleia foi declarado como ameaçado de extinção em 2016 pela União Internacional para a Conservação da Natureza. Isso ocorre porque o comércio de suas barbatanas infelizmente é bastante comum na Ásia.

Os cientistas dizem ser extremamente frustrante ver o tubarão-baleia tristemente sumindo da existência, sem podermos fazer nada, entretanto. É grande nossa ignorância quanto ao mundo oceânico. Anseios para observar tubarão-baleia dar a luz e entender seu comportamento.

Com informações de The Guardian.

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