Tesla está criando um super robô humanoide. O que podemos esperar?

Jônatas Ribeiro
Imagem: Tesla

Os robôs, sem dúvida, são fascinantes. São tema de livros, filmes e séries de ficção. Em sua coletânea de contos “Eu, Robô, o famoso autor Isaac Asimov já enunciava, em plenos anos 50, as leis da robótica. Os três postulados que escreveu tinham como base um mundo povoado por humanos ao lado de robôs inteligentes e capazes de tomar suas próprias decisões. Por isso, a ideia era garantir a obediência e lealdade dos robôs. Além, claro, da proteção dos humanos em relação aos seus companheiros mecânicos. É verdade que as leis de Asimov são apenas diretivas escritas em uma história de ficção. Contudo, são cada vez mais atuais em tempos de revolução tecnológica.

Hoje, a robótica é uma área de estudo e pesquisa em ebulição. Isso porque está diretamente relacionada com a fronteira do desenvolvimento tecnológico. Em especial, com a automação de tarefas e a inteligência artificial. E, por artifícios de programação e estatística como redes neurais e avanços em mecânica, a ideia é fazê-los cada mais “humanos”. Afinal, queremos que eles nos ajudem tanto em nossa produção econômica, quanto em nosso dia-a-dia. E para, isso, devem ser, respeitando seus limites, cada vez mais parecidos conosco. Assim, é impossível que um anúncio como o da produção do Tesla Bot, o novo robô humanoide da Tesla, não chame a atenção.

Um robô (quase) como nós

A Tesla, uma das empresas do bilionário Elon Musk, está, sem dúvida, na fronteira da inteligência artificial no setor privado. A princípio, se tornou popular por seus carros elétricos e pesquisa em energia renováveis. Hoje, expandiu seus negócios. A Tesla atualmente tem projetos já em funcionamento de carros autônomos. A partir disso, tem feito pesquisa de ponta em inteligência artificial. O que, claro, acaba nos levando a robôs. Afinal, como disse o próprio Musk no evento Tesla AI Day, se carros autônomos são quase como robôs sobre rodas, o que acontece se tirarmos as rodas?

carro autônomo da tesla
Imagem: Wikimedia Commons

Com cerca de 1,72 m de altura e 56 kg, o Tesla Bot está sendo concebido pelas equipes de Musk para automatizar tarefas repetitivas e até mesmo perigosas para nós, humanos. Seu diferencial, contudo, seria o escopo maior de possibilidades. Isso porque o robô humanoide deve ser capaz de se movimentar e trabalhar sem instruções explícitas e contínuas. Estão incluídas aí até mesmo tarefas bastante “mundanas”, como fazer compras. Tarefas essas que, aliás, podem envolver a tomada de decisões conscientes pelo robô. Com a experiência crescente adquirida pela Tesla com os carros autônomos, o projeto digno de ficção científica poderia, de fato, se tornar real. Os anúncios estrondosos de Musk, contudo, não necessariamente condizem totalmente com a visão de especialistas.

Os desafios da automação

A revista Popular Mechanics trouxe o professor de robótica Michael Peshkin, da Universidade Northwestern, para comentar o anúncio do Tesla Bot. Sua visão é menos otimista. “Um bebê passa vários anos aprendendo como mover seu corpo”, diz Pehskin. “Nós nunca nos damos conta do quão sofisticadas são as pessoas, para começar. São as coisas que bebês podem fazer que são tão difíceis para os robôs”. De fato, a tomada rápida de decisões cheias de variáveis resultaria em uma programação muito complexa e adaptativa. O que o robô faria se um item da lista de compras não estivesse disponível no mercado? O quão avançada precisaria ser a forma com que processa a linguagem?

tesla bot de frente
Imagem: Tesla

Muitas indústrias já usam bastante os robôs para tarefas mecânicas. Mesmo em trabalhos humanos que parecem simples, porém, há muitas decisões sendo tomadas. No trabalho no depósito de uma loja, por exemplo. Ali, um funcionário humano pode tomar decisões sobre a qualidade e validade de um produto. Isso além de poder alcançar e trabalhar com uma grande variedade de itens. Ademais, nem sempre trabalhamos em espaços uniformes. “Quando você tenta automatizar coisas que as pessoas fazem, como pegar coisas na estante de um depósito, você acaba tendo que mudar o depósito”, comenta Peshkin sobre a questão. “Você tipicamente muda o ambiente também. Códigos de barras, padronização de locais, diferentes formas de encaixotar, você faz vários tipos de adaptação, tornando o mundo seguro para robôs”.

Robôs no futuro da humanidade

Apesar das observações críticas sobre o anúncio da Tesla, Pehskin comenta que enviar robôs para trabalhos perigosos ou muito repetitivos parece uma ideia interessante. Criador da ideia de cobots, robôs colaborativos, o professor defende o trabalho em equipe entre humanos e máquinas, aproveitando as vantagens de cada um. A proposta pode ser interessante, considerando as implicações da automação no futuro do trabalho e da organização social, que podem ser sombrias se não manejarmos a questão com o devido cuidado. De qualquer jeito, uma coisa é certa. Dilemas éticos à parte, os robôs vieram para ficar.

Compartilhar